sexta-feira, 12 de julho de 2019

DEPUTADA DE OPOSIÇÃO VOTA A FAVOR DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA.

Luis Macedo/Agência Câmara
Nem Jair Bolsonaro nem Rodrigo Maia. O maior símbolo da votação de uma reforma marcada por simbolismos é a jovem deputada Tabata Amaral.
Eleita pelo PDT de São Paulo, ela contrariou a orientação do seu partido e votou a favor das mudanças no sistema de aposentadoria no país. Virou tema de intensos debates sobre o suposto engodo da nova política e, antes de migrar para outra legenda (o Novo?), foi parar nos trending topics do Twitter.
Nos grupos progressistas, marcadamente contrários à reforma, pipocavam placas do tipo “Nunca me enganou” e “Ela me enganou”, enquanto apoiadores sui generis, como o Movimento Brasil Livre, parabenizava em público a cientista política e ativista da educação por “não compactuar com a velha turma que trabalha no quanto pior, melhor” e por “enxergar além do prisma ideológico”.
Só quem tem as lentes já completamente embaçadas por outro prisma ideológico, como o MBL, poderia resumir a questão com tantas loas fora de hora, e isso não é um detalhe.
Pode-se questionar a virulência e o hiperfoco dos ataques à deputada, mas não o simbolismo da decisão em um contexto em que o presidente da República defende e ativa uma série de manifestações favoráveis ao trabalho infantil e o Congresso decide, por 379 votos contra 131, que os trabalhadores adultos terão de cruzar a linha dos 65, entre homens, e 62, entre mulheres, para ter direito a se aposentar em um país com pesada herança escravocrata e onde pessoas acima dos 50 anos são basicamente descartados pelo mercado.
Não é que o futuro preocupa: ele simplesmente pode não existir.
A decisão ganha mais contornos simbólicos quando se pensa que a deputada foi eleita pelo PDT, o Partido Democrático Trabalhista, herdeiro do espólio do velho Partido Trabalhista Brasileiro (homônimo do PTB atual), de Getúlio Vargas.

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