sexta-feira, 29 de março de 2019

A SUCESSÃO DE RAQUEL DODGE NA PGR.

 - Com o recente isolamento da procuradora-geral, Raquel Dodge, grupos de oposição na PGR (Procuradoria-Geral da República) -que incluem janosistas, lava-jatistas e outsiders- trabalham para cacifar nomes para a sucessão no órgão, que será em setembro.
Parte dos membros do Ministério Público Federal defende que só subprocuradores-gerais, que estão no topo da carreira, possam assumir o comando. Parte entende que qualquer procurador pode comandar a PGR, porque não há exclusividade prevista na Constituição.
Diferentemente das disputas anteriores, nas quais a lista tríplice levada ao presidente só continha subprocuradores-gerais, a expectativa é que, neste ano, esse debate seja crucial.
Cabe ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) indicar o nome, cuja efetivação depende de aval do Senado. O mandato é de dois anos. Pela Constituição, o presidente não é obrigado a aderir à lista tríplice definida em eleições pela ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), mas essa tem sido a tradição desde 2003. Bolsonaro não se comprometeu a seguir a lista.
Na avaliação de procuradores ouvidos pela reportagem, Dodge teria hoje dificuldades para figurar entre os três primeiros colocados na eleição devido a desgastes internos. Embora, em tese, ela possa ser reconduzida ao cargo por Bolsonaro sem disputar, essa saída é, por ora, considerada improvável. Aliados afirmam que Dodge tem mantido discrição sobre o tema.
A ANPR fará em 3 de abril uma reunião com pré-candidatos para discutir as regras e o calendário da eleição. Uma possibilidade é antecipar o pleito para maio, o que forçaria Dodge a antecipar sua decisão sobre um novo mandato ou indicar um integrante de seu grupo para concorrer. Nesse caso, o mais cotado é o número dois da gestão, o vice-procurador-geral Luciano Mariz Maia.
Em reunião do Conselho Nacional do Ministério Público Federal, no último dia 1º, Maia defendeu que somente subprocuradores-gerais podem chefiar a PGR. A tendência, no entanto, é que a ANPR permita as inscrições sem restrições, como em anos anteriores.
A seis meses do fim do mandato de Dodge, a pré-campanha no órgão já começou. Procuradores apontam movimentação de um dos principais nomes da Lava Jato no Paraná, o procurador regional Januário Paludo, mentor de Deltan Dallagnol e amigo próximo de Sergio Moro, hoje ministro da Justiça.
No final do ano, Paludo, que é procurador regional, manifestou pela primeira vez interesse de ser promovido a subprocurador-geral pelo critério de antiguidade na carreira -o que depende da abertura de edital de promoção. A disposição de Paludo foi entendida por alguns de seus pares como um passo para a candidatura a procurador-geral.
No grupo ligado ao ex-procurador-geral Rodrigo Janot, um dos mais articulados internamente e que quer voltar ao poder, membros da carreira destacam nomes entre as alas dos "cabeças brancas" -como o subprocurador-geral Nicolao Dino e o procurador regional Lauro Pinto Cardoso- e dos "cabeças pretas" -que têm o procurador regional Vladimir Aras como principal expoente.

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