sábado, 30 de março de 2019

BOLSONARO QUER INCENDIAR O CONGRESSO?

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, fala com jornalistas no salão verde .
“Ele deve estar abalado por problemas pessoais”, disparou Jair Bolsonaro contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O deputado é genro de Moreira Franco, ex-ministro de Michel Temer, ambos presos na semana passada.
“Abalados estão os brasileiros”, respondeu Maia, listando os índices de desemprego e criminalidade para mostrar que há uma crise lá fora enquanto Bolsonaro “brinca” de ser presidente.
A troca de farpas é mais um capítulo da briga entre o governo e o Congresso, onde pautas-bomba começam a ser detonadas e ministros são convocados a dizer o que diabos pretendem fazer com a economia, a educação e a segurança do país.
Em meio ao tiroteio, muita gente pergunta a quem interessa essa guerra – e por que Bolsonaro, toda vez que se pronuncia, joga ainda mais lenha na fogueira, quando se sabe que a aprovação de reformas exige bandeira branca e ânimos menos exaltados.
Lamento dizer, mas a pergunta é outra: a quem interessa a paz?
Na história recente do país, ninguém se beneficiou mais do sentimento antipolítica, após anos de crise econômica e escândalos de corrupção, do que Jair Bolsonaro.
Esses ânimos exaltados, movidos a desesperança, revolta e desejo de disrupção, confluíram em direção a ele não porque, durante a campanha ou sua trajetória política, tenha apresentado qualquer projeto de país, mas sim porque falou mais alto em uma época em que muito se grita e pouco se ouve.
Tudo impulsionado pela própria lógica das redes sociais, uma arena propícia a pancadarias que engole qualquer tentativa de debate e transforma astrólogos em gurus, ofensas em piada e vulgaridade em sabedoria popular.
Foi nesta estrada que Bolsonaro criou e alimentou um mundo paralelo no qual sua única estratégia política é a própria negação da política.
Tirem a guerra do léxico bolsonarista e o que sobra? Projetos que não param em pé, auxiliares que não falam lé com cré, ministros que não sabem o que fazer com a missão concedida, recuos em iniciativas e nomeações.
Toda vez que é chamado a sair do Twitter e dizer ao país o que pretende fazer (feat. Rodrigo Maia), porém, Bolsonaro prefere apontar o dedo para o nada e, como criança a fugir da bronca, dizer “não fui, foi ele”: os comunistas, os governos anteriores, os conspiradores, a mídia, os extraterrestres, a lei da gravidade, a tomada de três pinos e tudo o mais que caiba na fantasia de inimigo.
“Eu sempre sonhei em libertar o Brasil da ideologia nefasta de esquerda”, disse, nos EUA, o presidente, que sucedeu no cargo comunistas notórios como Michel Temer, Dilma Rousseff (aquela que, quando o calo apertou, chamou o bolchevique Joaquim Levy) e Lula, o ex-líder sindical que, aos 61 anos, declarou: “se você conhecer uma pessoa idosa esquerdista é porque está com problema”.
No mesmo evento nos EUA, Bolsonaro avisou que “o Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo”.
Nada mais didático. “Nós temos é que desconstruir muita coisa. Desfazer muita coisa. Para depois nós começarmos a fazer. Que eu sirva para que, pelo menos, eu possa ser um ponto de inflexão, já estou muito feliz”, completou

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