terça-feira, 19 de março de 2019

NÃO SÃO OS HERÓIS QUE RESOLVERÃO OS PROBLEMAS DO PAÍS.

 - Em meio ao embate entre o STF (Supremo Tribunal Federal) e membros da Lava Jato, que criticam recentes decisões da corte, o ministro Dias Toffoli afirmou que "não é a ação de heróis que resolve os problemas do Estado, mas as instituições".
"É necessário sim que haja ação do Estado na proteção da sociedade, o que não pode haver é excessos ou heróis. Não é ação de heróis que resolve os problemas da sociedade, é ação das instituições. Eu sempre digo, nós passamos, as instituições ficam", afirmou o presidente do Supremo, em um evento de juízes federais, em Belo Horizonte, nesta segunda-feira (18).
Ele defendeu que, se hoje o Brasil tem combate à corrupção, isso se deve ao projeto de institucionalização do país. 
Toffoli citou pactos feitos entre os três Poderes e a sociedade civil organizada, em 2004 e 2009, que levaram à criação da Lei da Transparência, da Lei de Acesso à Informação e de lei que ampliou a abrangência do tipo penal de lavagem de dinheiro, entre outras. 
O ministro citou ações como a criação da Enccla (Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro) e lembrou que ele mesmo defendeu "um Ministério Público independente" desde os tempos de estudante na faculdade de direito da USP. 
Ele também destacou o papel da Polícia Federal, que passou "por um processo de fortalecimento institucional sem precedentes na história, que lhe conferiu maior independência". 
O ministro defendeu ainda que juízes devem ser sempre neutros e afirmou que aqueles que têm desejos devem deixar a magistratura. 
"Não podemos criar ódios entre nós, mas os excessos não serão admitidos. Canalhices e cretinices, como disse Gilmar Mendes, não podem ser admitidos. As senhoras e senhores juízes tem que ser condutores disso, de impedir que os excessos sejam cometidos, porque somos nós os moderadores da sociedade", disse. 
Sobre as críticas e protestos que ele e o STF vem sofrendo, Toffoli defendeu que o debate crítico é própria das democracias, porém afrontar ou agredir o Judiciário ou seus membros é atacar o estado democrático de direito. 
"Não há democracia sem imprensa livre e Judiciário independente", completou. 
Na semana passada, a força-tarefa da Lava Jato sofreu três importantes derrotas no Supremo. 
Na quinta (14), em julgamento marcado por fortes críticas à Procuradoria em Curitiba, o tribunal decidiu que crimes comuns (como corrupção), quando associados a crimes eleitorais (como caixa dois), devem ser julgados pela Justiça Eleitoral. A medida deve tirar das mãos do Ministério Público Federal do Paraná e da Justiça Federal processos importantes da operação.
No mesmo dia, Toffoli anunciou a instauração de um inquérito sigiloso para apurar ameaças, calúnias e fake news relativos aos ministros da corte. Por ter um escopo muito amplo, a apuração pode envolver procuradores da força-tarefa que tenham feito críticas públicas ao tribunal.
Por fim, na sexta (15), o ministro Alexandre de Moraes suspendeu o acordo entre MPF e Petrobras que previa a criação, sob coordenação da Procuradoria, de um fundo bilionário com dinheiro de multa pago pela estatal

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