Um dos principais apoiadores da candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República, o empresário Paulo Marinho cedeu casa, carro e até cozinheira para o hoje presidente. Ao longo da campanha, sua academia foi convertida em estúdio do programa eleitoral de Bolsonaro.
No dia seguinte à eleição, Bolsonaro pediu que a casa abrigasse a primeira reunião de composição ministerial. Desde então, o presidente não procurou mais Marinho. Agora essa estrutura está a serviço do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Recém-filiado ao PSDB, Marinho terá a tarefa de estruturar o partido no Rio com vistas a 2022. Marinho chama Bolsonaro de voluntarista e diz que Doria é melhor que o presidente.
Segundo Marinho, que ainda é suplente do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, o tucano é "um sujeito de sucesso, diferentemente do capitão cuja formação não é a mesma do governador Doria".
Pergunta - O presidente Jair Bolsonaro já admite concorrer à reeleição. Mas o sr. manifesta apoio ao projeto Doria 2022. O que fez o sr. mudar de candidato seis meses depois da posse? O sr. se arrependeu de apoiar Bolsonaro?
PM - Não. Estava engajado, entusiasmado e acreditando como acredito até hoje que o projeto João Doria é a melhor solução política para o Brasil. Mas ele não conseguiu viabilizar a candidatura dentro do partido. Comecei a ajudar o capitão sob a perspectiva de que era o único que poderia derrotar o PT.
Por isso, não se arrepende?
PM - A candidatura do capitão Jair Bolsonaro é um atalho que peguei para que houvesse uma alternância de poder no governo federal. O João Doria não era candidato na ocasião. E ele era meu candidato originário. E abracei a candidatura do capitão por essa questão [derrotar o PT]. De fato foi o que aconteceu. O capitão deixou de ser uma piada como no início da candidatura dele.
Mas nunca foi seu candidato?
PM - Nunca me passou pela cabeça me dedicar aí a uma candidatura
Até porque, enfim, ninguém acreditava nessa possibilidade. Mas, quando ele me procurou, e entendi o projeto dele, resolvi ajudá-lo.
Qual foi a última vez que o sr. falou com o presidente?
PM - Ele se elegeu no domingo (28 de outubro), na segunda à noite (29) telefonou pedindo para fazer a primeira reunião de composição ministerial aqui em casa. O capitão estava sentado aqui nesta mesa, nesta cadeira. Depois dessa reunião, não mais estive com o capitão.
O que foi que aconteceu?
PM - Ele é presidente da República e tem os afazeres dele. É natural que ele se cerque do núcleo mais íntimo, do qual nunca fiz parte.
Aliados do presidente dizem que o sr. queria ser vice dele. Já ouviu isso?
PM - Já. Mas é delírio.
Tem muito disse-me-disse no entorno do presidente?
PM - Há delírios completos. Isso aí é uma ficção. Acompanhei todo o processo da vice-governança.
No entorno do Bolsonaro, há quem diga que o sr. está por trás das denúncias contra o Flávio Bolsonaro por ser o beneficiário direto da cassação de seu mandato.
PM - Já ouvi isso. Existe um grupo que cerca algumas pessoas da família e que padecem da síndrome da conspiração. Essas pessoas viveram a vida inteira nesse ambiente e acham que tudo que não está dentro daquele núcleo familiar resulta em conspiração. Ajudei muito o Flávio durante a campanha. Aliás, sou suplente a convite dele próprio. A informação que tive foi de que a sugestão foi do próprio pai.
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