quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

CERVERÓ ARRECADAVA PROPINAS PARA DELCÍDIO E RENAN CALHEIROS

Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras, durante audiência no Congresso Nacional
Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras, durante audiência no Congresso Nacional(Rodolfo Buhrer/Reuters)
O ex-diretor internacional da Petrobras, condenado na Operação Lava Jato, revelou à Polícia Federal e ao Ministério Público em acordo de delação premiada que era o responsável por arrecadar propina na estatal BR Distribuidora para Renan Calheiros (PMDB-AL), atual presidente do Senado, e Delcídio do Amaral (PT-MS), o ex-líder do governo Dilma Rousseff. A informação consta no depoimento que Cerveró prestou, em dezembro do ano passado.
Delcídio está preso desde o fim de novembro por tentar comprar o silêncio e facilitar uma fuga de Cerveró. O petista foi flagrado em gravações de conversas feitas pelo filho do delator, o ator Bernardo Cerveró, e disse à Polícia Federal que agiu por uma "questão humanitária". Cerveró foi diretor da área internacional da Petrobras, envolvida na compra da refinaria-sucata de Pasadena, nos Estados Unidos, e diretor Financeiro e de Serviços na BR Distribuidora. Ele disse que Delcídio do Amaral, além de ter influência direta na presidência da BR Distribuidora, era considerado "um dos responsáveis por sua indicação" para a subsidiária da Petrobras.
Cerveró disse que combinou a função criminosa em uma reunião de "acerto geral" com políticos e diretores da estatal em 2010, no hotel Leme Palace, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O encontro ocorreu depois das eleições gerais daquele ano e decidiu o regime de partilha dos propinodutos das diretorias da BR Distribuidora entre senadores, como Fernando Collor de Mello (PTB-AL), e deputados petistas como Cândido Vaccarezza (SP), Vander Loubet (MS), José Mentor (SP), Jilmar Tatto (SP) e André Vargas (PR). Na reunião também estavam outros diretores da empresa, como José Zonis, Luis Claudio Caseira Sanches e Andurte de Barros Duarte Filho.
"Nessa reunião ficou definido que José Zonis e Luis Claudio Caseira Sanches, por meio da Diretoria de Operações e Logística e da Diretoria de Rede de Postos de Serviço, arrecadariam propina em favor de Fernando Collor de Mello, por meio do operador Pedro Paulo Leoni Ramos. O declarante, por meio da Diretoria Financeira e de Serviços, arrecadaria propina para Delcídio do Amaral e Renan Calheiros, bem como atenderia solicitações de Fernando Collor de Mello (por meio de Pedro Paulo Leoni Ramos) e Cândido Vaccarezza", disse o delator, conforme trecho do documento. "Andurte de Barros Duarte Filho, por meio da Diretoria de Mercado Consumidor, arrecadaria propina destinada à bancada do PT na Câmara dos Deputados

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