quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

POLICIA MIRA A OAS E PRENDE QUATRO EM SÃO PAULO


A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (27/1) a 22ª fase da Operação Lava-Jato, apelidada de “Triplo X”. O objetivo é apurar a participação da empreiteira OAS e da cooperativa Bancoop, que teve como presidente o réu João Vaccari Neto, e a ocultação de dinheiro no exterior fruto de corrupção na Petrobras. Oitenta policiais cumprem seis mandados de prisão temporária – por cinco dias –, 15 de busca e apreensão de documentos e dois de condução forçada de suspeitos para prestar depoimento. Eles agem em quatro cidades: São Paulo, Santo André (SP), São Bernardo do Campo (SP) e Joaçaba (SC).
Os policiais prenderam a publicitária Nelci Warken, suspeita de ser laranja no esquema e proprietária de um triplex no edifício Solaris, em Guarujá (SP), empreedimento construído pela Bancoop e assumido depois pela OAS. Também foram detidos o sócio do escritório de abertura de offshores Mossak Fonseca Ricardo Honório Neto e Renata Pereira Brito.
As ordens de prisão ainda incluem Marci Mercedez Quijano, considerada a administradora real do escritório da Mossak em São Paulo, do responsável pela abertura de offshores Ademir Auada e de Luis Fernando Hernandez Ribeiro. A PF fez buscas em escritórios da Mossak, da Bancoop e da OAS, além de endereços ligados a uma filha de Ademir. Ela e o pai são suspeitos de destruir documentos que comprovariam lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio. Foram conduzidos para depor Eliana Pinheiro de Freitas e Rodrigo Andrés Cuesta Hernandez.
O objetivo da ação é apurar uma “estrutura criminosa” que permitia aos investigados no caso – que desviou até R$ 42 bilhões da Petrobras, segundo a PF – esconder valores de corrupção e lavagem de dinheiro no exterior. Havia “abertura de empresas off-shores e contas no exterior para ocultar e dissimular o produto dos crimes de corrupção, notadamente recursos oriundos de delitos praticados no âmbito da Petrobrás”, de acordo com a corporação.
A PF ainda apura que a empreiteira OAS, fornecedora da estatal, simulou um negócio imobiliário no Edifício Solaris para mascarar propina no esquema, pagamentos que viabilizam os contratos da empresa com a estatal petroleira. A corporação diz haver “fundadas suspeitas” segundo a quais esse empreendimento imobiliário foi usado para cometer crimes.
Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. As ordens de prisão foram concedidas pelo juiz da 13ª Vara Federal, Sérgio Moro. Eles devem chegar a Curitiba à tarde, de acordo com o delegado regional de Combate ao Crime Organizado da PF no estado, Igor Romário de Paula.
A Operação Lava-Jato já acumula 25 fases, sendo 22 fases na primeira intância e três no Supremo Tribunal Federal. Os policiais apuram esquema em que grandes empreiteiras combinavam licitações na Petrobras e em outras estatais de energia do país e superfaturavam contratos. O valor adicional cobrado, na faixa de 1% a 3%, era repassado a políticos e partidos, como PT, PMDB e PP, mas também a figuras do PSDB, PSB e PTB. Dirigentes das estatais sustentados politicamente pelos partidos também recebiam uma parte das propinas, assim como doleiros e operadores envolvidos no esquema.
A 22ª fase é a primeira ação extensiva este ano. A primeira etapa da Lava-Jato foi deflagrada em 17 de março de 2014, com a prisão do doleiro Alberto Youssef, investigado no caso Banestado. Hoje, ele integra um grupo de mais de 40 réus e suspeitos que fecharam acordos de delação premiada, medida legal que permite confessar crimes, entregar provas relativas a outros investigados e obter redução de suas punições na Justiça

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