quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

POR QUE DÃO ERRADOS NOSSO PLANOS DE SEGURANÇA NACIONAL


Janeiro de 2017. Dois crimes expuseram a calamidade da segurança pública brasileira. Em um presídio em Manaus, 56 presos foram mortos por uma facção rival. Dois dias depois, em Rondônia, 33 presos também foram mortos por rivais. Na semana seguinte, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, anunciou o Plano Nacional de Segurança Pública: “São três palavras que regem a aplicação do plano: integração, cooperação e colaboração”.
O plano de Alexandre de Moraes é o quarto apresentado desde 2000, o que torna esse tipo de anúncio uma cerimônia tão frequente quanto a Copa do Mundo. Nesse período, o total de presos aumentou 161%, para 607.731 pessoas. Apesar da sucessão de planos de segurança – ou por causa dela –, desde 2000 a taxa de homicídios por arma de fogo piorou 2%.
José Gregori ministro da Justiça em 2000,ao anunciar um plano nacional de segurança (Foto:  Alan Marques /Folhapress)
Reformar o sistema de segurança pública é difícil, por envolver muitos poderes, e tem razoável chance de fracasso. Como resumiu Leonel Brizola, ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, equivale a abraçar um afogado – se afogar junto é mais provável do que salvar o banhista. A impopularidade pela violência geralmente recai sobre os governadores, responsáveis pela Polícia Militar. O poder de mobilização nacional necessário à reforma da segurança geralmente está com os presidentes. Passados a comoção e o anúncio do plano nacional, eles costumam nadar para longe do problema.

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