domingo, 19 de novembro de 2017

O ÚLTIMO BARÃO DA POLÍTICA DO RIO DE JANEIRO

Jorge Picciani, presidente da Alerj (Foto:  Fernando Lemos / Agência O Globo)
No fim de semana de 11 e 12 de novembro, o clã Picciani se reuniu na fazenda da família em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Estavam lá o patriarca, Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), seus três filhos mais velhos – o ministro do Esporte, Leonardo, o deputado estadual Rafael e a ovelha desgarrada da política, o zootecnista Felipe –, além da mãe deles, Márcia. Era uma reunião de negócios. O quinteto é sócio da Agrobilara, empresa pecuarista que investe na alta genética bovina. Eles se reuniram para preparar o leilão de 200 animais, a maioria fêmeas da raça nelore, marcado para os dias 2 e 3 de dezembro. Orgulhoso, Picciani publicou nas redes sociais uma foto da sala de troféus da fazenda. “Faltou prateleira”, vangloriou-se.
Na terça-feira, dia 14,  assim que o avião que levou Picciani pai de volta ao Rio de Janeiro pousou no aeroporto Santos Dumont, os passageiros foram instruídos pela tripulação a se manter sentados: uma equipe da Polícia Federal entraria na aeronave. Não foi preciso. Tão logo desembarcou, o deputado do PMDB foi abordado pelos policiais e levado a depor na sede da PF. Ao mesmo tempo, a Operação Cadeia Velha prendia Felipe em Uberaba. Sob a acusação de lavar dinheiro sujo por meio da compra de gado, ele foi levado ao Rio para cumprir prisão temporária.
Na quinta-feira, por decisão unânime, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região decretou a prisão de Picciani e de outros dois integrantes da cúpula da Alerj: o ex-presidente Paulo Melo e o líder do governo na Casa, deputado Edson Albertassi, ambos do PMDB. No dia seguinte, entretanto, o plenário da Alerj, num gesto de escancarado compadrio, votou pela revogação da prisão do trio – a despeito de ruidosas manifestações contrárias à decisão em frente à sede da Assembleia. Os deputados estaduais fluminenses valeram-se de precedente aberto, no mês passado, pelo Supremo Tribunal Federal. O STF repassou ao Senado a palavra final sobre o afastamento do senador Aécio Neves, do PSDB de Minas Gerais, que havia sido determinado pelo próprio tribunal. Os senadores devolveram o mandato a Aécio e anularam também uma decisão de recolhimento noturno obrigatório

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