Antônio Donato recebia R$ 20 mil todo o mês, segundo fiscal | Foto: Divulgação
O fiscal Eduardo Barcellos, que ficou preso dez dias acusado de corrupção, prestou nesta terça-feira (12) depoimento de mais de oito horas no Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Acompanhado de advogados, Barcellos abriu o jogo sobre o esquema de cobrança de propina que pode ter lesado os cofres públicos paulistanos em mais de R$ 500 milhões. Conforme reportagem do Jornal Nacional, o interrogado admitiu que, juntamente com outros três fiscais investigados, cobrava dinheiro de construtoras para liberar o "Habite-se" e permitir que elas pagassem menos pelo Imposto Sobre Serviços (ISS). Barcellos disse que recebia dinheiro vivo dentro da própria prefeitura e depois dividia os valores com os colegas envolvidos no esquema. Além disso, revelou ao promotor que, entre dezembro de 2011 e setembro de 2012, pagou R$ 20 mil por mês em dinheiro vivo para o então vereador Antônio Donato, do PT, que se tornou este ano secretário de Governo da prefeitura da capital paulista. O interrogado revelou que a mesada era paga diretamente no gabinete de Donato, na Câmara Municipal, e que outro fiscal, Ronilson Bezerra Rodrigues, também dava dinheiro para o petista. Os valores repassados a Donato, segundo Barcellos, eram uma espécie de investimento futuro. Ele e Ronilson queriam continuar em bons cargos na prefeitura caso o PT ganhasse as eleições, como aconteceu. Com Donato na secretaria de Governo, Barcellos foi trabalhar em seu gabinete e Ronilson foi nomeado diretor da SPTrans, a empresa que gerencia o transporte público de São Paulo. A assessoria de imprensa do edil petista declarou que todas as acusações de Barcellos são mais uma tentativa de desviar o foco da investigação, que está centrada na gestão passada, e de tentar atingir a atual administração do prefeito Fernando Haddad (PT).
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