sábado, 1 de outubro de 2016

VINTE PREFEITOS DISPUTAM REELEIÇÃO NAS CAPITAIS


Apesar da crise econômica que minguou investimentos, comprometeu a prestação de serviços sociais essenciais e ameaçou, em alguns casos, até o pagamento dos servidores, a maior parte dos prefeitos candidatos à reeleição está com boas chances de obter mais quatro anos de mandato, beneficiados pelo uso da máquina administrativa. Das 26 capitais brasileiras, em 20 os atuais mandatários pleiteiam mais quatro anos. Deste total, quatro estão praticamente reeleitos em primeiro turno, oito aparecem liderando as pesquisas, cinco no páreo para um eventual segundo turno e apenas três se encontram em condição mais delicada.

Até as situações de risco são relativizadas, por conta da volatilidade do eleitorado e da insegurança diante das pesquisas divulgadas até o momento. Em São Paulo, por exemplo, o candidato do PT à reeleição, Fernando Haddad, apareceu em quarto lugar nos últimos levantamentos. Mas os chamados trackings — pesquisas telefônicas feitas pelas assessorias das candidaturas — mostra o petista embolado com Celso Russomanno (PRB) e Marta Suplicy (PMDB) na disputa e de que enfrentará João Doria (PSDB) em uma nova rodada de votações no último domingo de outubro.

“Quem tem a máquina nas mãos tem mais chances de se reeleger, pois controla agenda pública e pauta a mídia com ações governamentais”, afirmou o professor de ciência política da Universidade de Brasília Ricardo Caldas. Para ele, esta campanha municipal, pela sua especificidade, provocou situações ambíguas e, até certo ponto, contraditórias. “Temos candidatos favorecidos pela máquina, como ACM Neto (DEM) em Salvador, e outros completamente outsiders, como João Doria, em São Paulo”, completou.

Dos quatro candidatos com chances expressivas de decidirem a eleição já no primeiro turno, três têm situações políticas locais estabelecidas e um está amparado pelos caciques regionais. ACM Neto (DEM-BA), Teresa Surita (PMDB-AC) e Marcus Alexandre (PT-AC) estão no primeiro caso. Neto, inclusive, já faz campanha pensando na eleição de 2018 quando, provavelmente, concorrerá ao governo da Bahia. Teresa é ex-mulher do senador Romero Jucá. Já Marcus Alexandre — o único petista com chances reais de vitória em uma eleição para prefeito de capital — é apoiado pelos irmãos Jorge e Tião Viana, que há décadas dão as cartas políticas no estado.

O pedetista Carlos Eduardo Alves, por sua vez, vem amparado pelas duas principais oligarquias do Rio Grande do Norte, que se juntaram para lhe garantir a vitória em primeiro turno em Natal: os clãs Alves, composto pelo senador Garibaldi Alves (PMDB) e pelo ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves; e Maia, representado pelo presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia.

Curiosamente, até mesmo os nomes que centralizam o que se chama de antipolítica têm alguma força da máquina por trás de si. É o caso, por exemplo, do candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, João Doria Júnior. Em todos os discursos — seja em caminhadas ou no horário eleitoral —, ele faz questão de reforçar que é um gestor diferente de tudo que existe aí. Mas Doria chegou lá com o apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que brigou com todo o tucanato paulista para garantir a candidatura de seu pupilo.

O fato foi explorado pela candidata do PMDB, Marta Suplicy, no debate realizado na última quinta-feira. “Vocês sabem que, toda vez que um ‘poste’ é eleito, dá errado. Aconteceu com Pitta (Celso Pitta, eleito prefeito de São Paulo com o apoio de Paulo Maluf); Fernando Haddad (eleito prefeito de São Paulo com o apoio de Lula) e com Dilma Rousseff (eleita presidente da República com o apoio do mesmo Lula)”, criticou a neopeemedebista.

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