quarta-feira, 1 de novembro de 2017

EX CHEFE DE GABINETE DE JANOT VAI DEPOR NA CPMI


Evaristo Sa/AFP - 1/8/17
Depois de ter as expectativas frustradas por causa do silêncio do ex-executivo do grupo J&F Ricardo Saud, parlamentares da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) focam os trabalhos no depoimento do procurador da República Eduardo Pellela, que foi chefe de gabinete do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. Instalada, inicialmente, para investigar irregularidades nas operações realizadas entre a JBS e o BNDES, entre 2007 e 2016, governistas têm aproveitado a comissão para buscar irregularidades na delação premiada da empresa, que embasou as duas denúncias contra o presidente Michel Temer.

Pellela havia sido convidado a depor hoje à CPMI, mas se negou a comparecer. “Devo declinar do honroso convite uma vez que o sigilo profissional imposto aos membros do Ministério Público Federal impede-me de prestar quaisquer esclarecimentos sobre os atos praticados em razão da função desempenhada e afetos ao meu ofício”, afirmou em mensagem enviada ao presidente do colegiado, senador Ataídes de Oliveira (PSDB-TO). Diante da negativa, parlamentares aprovaram um requerimento de convocação como testemunha a Pellela, quando a pessoa não pode se recusar.

“Não nos restou outra situação a não ser transformar esse convite em convocação. Como testemunha, ele é obrigado a falar a verdade. Esse pessoal que tem tanto a esconder que acaba fazendo com que o silêncio seja ensurdecedor. Vejo essa recusa do Pellela como um fato muito grave”, comenta o relator-geral da CPMI, deputado Carlos Marun (PMDB-MS).

A atitude fez com que o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) renunciasse à vaga na comissão. “O alvo da CPMI da JBS, da sua concepção aos dias de hoje, sempre foi um só: enxovalhar o sistema de Justiça, desqualificando quem tem o dever constitucional de punir corruptos, em socorro daqueles que se julgam acima da lei”, escreveu em carta ao presidente do Congresso, Eunício Oliveira (PMDB-CE).

Por meio de nota, o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti, repudiou a convocação. “Já foi dito por importante membro da Comissão que CPI buscaria ‘investigar quem nos investiga’. Isto soa a vingança, a retaliação pura, e não é aceitável em um estado de direito e em um país que busca progredir pela atuação e respeito entre as instituições”, afirma trecho da nota, em referência a uma declaração à imprensa dada pelo relator Carlos Marun.vv

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