domingo, 8 de dezembro de 2013

SÃO PAULO CAPITAL , VITRINE DO PT VIROU VIDRAÇA

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), durante coletiva sobre os escândalos de corrupção e a prisão dos auditores na operação que desvendou esquema de corrupção milionário na Prefeitura, nesta segunda-feira (4)
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), durante coletiva sobre os escândalos de corrupção e a prisão dos auditores na operação que desvendou esquema de corrupção milionário na Prefeitura, nesta segunda-feira (4) (Adriano Lima/Brazil Photo Press/Folhapress)
Em janeiro deste ano, o recém-eleito prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), ainda não poderia prever todos os percalços que surgiram em seu primeiro ano de mandato na cidade, como o levante de protestos em junho e o escândalo da máfia dos auditores fiscais. Mas, quinze dias depois de assumir a cadeira, deu uma declaração vaticinadora ao afirmar que São Paulo era “um cemitério de políticos”.
Prestes a completar 365 dias de governo, o tombo em sua popularidade mostra que petista de primeiro mandato não soube se equilibrar na administração, que também chamou de "esporte radical": dos 34% de aprovação em junho, Haddad despencou para 18% em julho, segundo o Datafolha.

Os tropeços de Haddad

JaneiroQuinze dias depois de assumir, congela 12% do orçamento, R$ 5,2 bilhões e logo determina a revisão de contratos
AbrilEnfrenta protesto de movimentos organizados de moradia popular
JunhoAumenta a tarifa de ônibus para R$ 3,20 e vê a cidade ser tomada por onda de protestos e vandalismo.Revoga, a contragosto, o reajuste; e adia licitação de ônibus
JulhoPopularidade cai de 34% para 18% após protestos. Fila para exames médicos aumenta e passa de 840.000 pacientes
AgostoPrédio em construção irregular desaba e mata dez operários em São Mateus; prefeitura investiga propina. Altera plano do Arco do Futuro, promessa de campanha
SetembroImprovisa lançamento da Rede Hora Certa em carreta móvel; ambulatórios reformados não ficam prontos no prazo
OutubroAprova aumento de até 35% do IPTU. Rompe contrato com a Controlar, mas Justiça mantém inspeção veicular obrigatória. Muda itinerário de linhas ônibus e moradores protestam
NovembroEstoura operação contra Máfia do ISS. Perde seu homem forte, Antonio Donato (PT), envolvido no esquema por fiscal
DezembroPopularidade fica estagnada em 18%

O prefeito terá meses torrenciais pela frente para evitar ser sepultado pela cidade. Em meio às tradicionais enchentes de verão, trânsito caótico e à chegada do carnê do IPTU mais alto na casa dos paulistanos, Haddad precisará fazer vingar o projeto do PT de transformar sua gestão numa vitrine do partido para as eleições de 2014 – quando pretende reeleger a presidente Dilma Rousseff e desalojar o PSDB do Palácio dos Bandeirantes com a candidatura do ministro Alexandre Padilha (Saúde).
O PT voltará a disputar o Estado governando a prefeitura depois de doze anos – a última vez foi com Marta Suplicy, em 2002. É justamente na capital paulista e nas cidades do entorno, sobretudo no ABC, que o partido costuma se sair melhor nas urnas. Padilha tem 5% das intenções de voto na capital e só 3% no interior, mostra o Datafolha.
Sem conseguir a renegociação da dívida paulistana de 54 bilhões de reais com o governo federal, Haddad conta com auxílio financeiro de Dilma para alavancar projetos anunciados em campanha – como os corredores de ônibus e as 55.000 casas populares. Dilma foi pessoalmente à sede da prefeitura anunciar um pacote de 8 bilhões de reais, depois da eclosão das manifestações que por pouco não conseguiram invadir o prédio da prefeitura após quebra-quebra na região central.
Tarifa - O estopim das marchas foi o aumento das tarifas de transporte, de 3 reais para 3,20 reais, que havia sido adiado do início do ano em uma manobra combinada com Dilma para segurar a inflação. Enquanto os protestos tomavam uma proporção descontrolada, Haddad batia o pé em dizer que estava “cumprindo o prometido na campanha” e resistia a revogar o aumento. O desgaste do petista ficou ainda mais evidente quando deixou Alckmin anunciar primeiro, no Palácio dos Bandeirantes, que a medida estava suspensa. Ao lado do tucano e visivelmente contrariado, Haddad pareceu agir a reboque, segundo avaliação de petistas.
“O prefeito Haddad teve uma séria de dificuldades que não estavam previstas, foi um ano atípico”, diz o presidente eleito do PT paulista, Emídio de Souza.
Haddad argumentou que a revogação do aumento de 20 centavos comprometeria investimentos na cidade e passou a intensificar a agenda pela revisão da dívida com o governo federal – que ainda não foi aprovada pelo Senado. O prefeito reclama do comprometimento da receita, porque o subsídio passou de 600 milhões de reais para 1,6 bilhão de reais.
Para compensar, Haddad enviou à Câmara Municipal o projeto de aumento em até 35% no valor do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), o que ele justifica que ajudaria a sanear as contas da gestão e bancar a tarifa.

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