quinta-feira, 16 de julho de 2015

MINISTRO DO TCU NEGA TOLERÂNCIA COM PEDALADAS FISCAIS

José Augusto Nardes, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU)
"Se houver um argumento do governo compatível com a legalidade, eu até poderia mudar o voto", diz Nardes sobre 'pedaladas' 
A tese do governo para justificar as "pedaladas fiscais" junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) está definida. A presidente Dilma Rousseff, cujas contas de 2014 foram contestadas pelo órgão, apresentará defesa afirmando que a sistemática sempre ocorreu e apenas agora foi questionada pelo tribunal. A intenção do governo é estabelecer 2015 como "marco zero" em relação ao fim da prática de "pedalar". Em entrevista ao site de VEJA, o ministro relator do processo no TCU, Augusto Nardes, sinaliza que se a justificativa se resumir a isso, o governo não estará em bons lençóis. O relator disse que já mandou sua equipe técnica apurar, nas contas passadas, indícios de que a tese do governo possa se sustentar. Segundo Nardes, o fato de as irregularidades terem sido detectadas só agora não valida o que aconteceu nos anos anteriores. Ele defende a atuação do TCU afirmando que melhorias recentes nas auditorias operacionais e financeiras possibilitaram, pela primeira vez, que a corte identificasse os malfeitos do governo. "A partir disso, tivemos condições de mostrar todos os gargalos do Brasil. Isto muda, inclusive, a forma de julgar, pois se passa a ver com mais clareza questões como as 'pedaladas'", disse.
Nardes afirma que seu voto não está definido - e que tudo depende das explicações sobre as treze irregularidades que o governo deve entregar até a próxima quarta-feira, dia 22. "Esperamos que sejam justificadas de forma adequada, pois a população precisa retomar o encanto. Para isto, torço que seja esclarecido da forma mais competente possível, porque o TCU é um dos guardiões da Lei de Responsabilidade Fiscal."
O julgamento das contas do governo acontece em um momento delicado para o TCU, já que o advogado Tiago Cedraz, filho do presidente da corte, Aroldo Cedraz, foi citado em depoimentos do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia e um dos delatores da Operação Lava Jato. Segundo ele, Cedraz recebia 50.000 reais mensais para repassar à empreiteira informações de seu interesse na corte de contas. Em decorrência disso, o escritório do advogado foi alvo de busca e apreensão na nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada na manhã de terça-feira. Questionado, Nardes desconversou. "Me pegou de surpresa essa história"

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