domingo, 25 de outubro de 2015

JOAQUIM LEVY - UM MINISTRO REBAIXADO


Era noite de quarta-feira, 30 de setembro, no Palácio da Alvorada. Mas não uma noite qualquer. Cansada, a presidente Dilma Rousseff ouvia as instruções daquele que pavimentou por duas vezes sua entrada no cargo máximo da República. Lula dava os últimos retoques na composição ministerial que seria anunciada no dia seguinte. Havia escolhido seus homens para os cargos-chave: Jaques Wagner ocuparia a Casa Civil, Ricardo Berzoini, a Secretaria de Governo, e, mais importante, Aloizio Mercadante seria escanteado para o Ministério da Educação, no lugar do breve Renato Janine Ribeiro. O ex-presidente voltava a emplacar seus soldados mais fiéis no núcleo duro do governo. Faltava apenas uma mudança – que Lula, pacientemente, enxertava na cabeça da sucessora: tirar Joaquim Levy do Ministério da Fazenda e substituí-lo por Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central. “Você sabe que não gosto dele. Você sabe disso”, disse a presidente, referindo-se a Meirelles, seu desafeto desde os tempos em que ocupava a Casa Civil. Lula, que conhece a alma de Dilma, arrematou: “E você lá gosta do Levy?”. A resposta de Dilma foi um misto de contração facial e dar de ombros que bem situa o ministro no ranking afetivo da presidente. Escalado para ser o general do ajuste fiscal, Levy viu sua patente de negociador com o Congresso decair a ponto de ele ser visto hoje como um soldado com uma missão apenas: costurar uma peça orçamentária crível

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