sábado, 1 de agosto de 2015

FABRICA DA CAOA PAGOU DOIS MILHÕES DE PROPINA AO GOVERNADOR DE MINAS GERAIS

Bridge, em inglês, significa ponte. Localizada em Brasília, a Bridge Participações é propriedade do empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené. Bené é amigo de Fernando Pimentel (PT), governador de Minas Gerais. Um ótimo amigo: já emprestou avião e pagou R$ 12 mil para Pimentel e a mulher passarem férias num resort na Bahia. Pimentel e Bené são investigados pela Polícia Federal, na Operação Acrônimo, por lavagem de dinheiro – e por suspeita de, justamente, fazer uma ponte. Entre empresas que desejam empréstimos no BNDES e o próprio BNDES. Bené é o principal caminho para a PF investigar a caixa-preta do banco estatal e deve ser um dos focos da CPI do BNDES, a ser instalada no próximo dia 5 na Câmara dos Deputados. ÉPOCA obteve cópias de notas fiscais da Bridge e de outra empresa de Bené, a BRO. A história das notas fiscais é repleta de coincidências, envolvendo as duas empresas e seu dono, a montadora Caoa, que fabrica e revende carros da sul-coreana Hyundai no Brasil, e Fernando Pimentel – que, antes de ser governador de Minas, era ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Pasta a que o BNDES é subordinado. Para a polícia, nem sempre coincidências são meras coincidências.
 
Fernando Pimentel na inauguração da fábrica da Caoa, em 2013 (Foto: Lailson Damasio/Palácio do Governo)
Em fevereiro de 2012, o BNDES financiou a construção de uma fábrica da Hyundai em Piracicaba, São Paulo, por R$ 218 milhões. Ainda em 2012, o governo lançou o programa Inovar Auto, como forma de modernizar a indústria automobilística em troca de isenções fiscais. Em 2013, a montadora foi habilitada para iniciar a produção do veículo ix35, além de importar carros com desconto no IPI. Uma das portarias assinadas por Pimentel autoriza a importação de 2 mil veículos. Uma das principais apostas da Caoa, a linha de produção do ix35 foi inaugurada em 17 de outubro de 2013, com a participação de Pimentel. Na ocasião, o fundador da Caoa, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, deixou claro qual era a importância da relação com o governo. “O Inovar Auto é que viabilizou esse nosso investimento de mais de R$ 600 milhões”, afirmou Andrade. É nesse ponto da cronologia que entram as notas fiscais a que ÉPOCA teve acesso. De acordo com elas, a Caoa repassou R$ 2,21 milhões às duas empresas de Bené, Bridge e BRO, entre outubro de 2013 e junho de 2014. Um desses depósitos, no valor de R$ 240 mil, foi realizado no dia 22 de outubro, cinco dias depois do discurso de Carlos Alberto e da visita de Pimentel à fábrica

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