sábado, 14 de novembro de 2015

EDUARDO CUNHA ZOMBA DA POPULAÇÃO

No Congresso brasileiro, jamais um personagem denunciado na Justiça e sufocado por provas irrefutáveis durou tanto quanto Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A despeito das abundantes evidências de corrupção contra ele, o presidente da Câmara se mantém no poder. Enquanto transforma o posto numa bastilha inexpugnável, Cunha desfia seu rosário de mentiras como se zombasse da população e dos próprios colegas. O peemedebista mantém indefectível fleuma ao apresentar versões mirabolantes e inverossímeis numa tentativa desesperada de convencer a todos que não faltou com a verdade, quando negou ser dono de contas polpudas na Suíça. A última e mais inacreditável historinha contada pelo presidente da Câmara reza que ele fez, na década de 80, 37 viagens à África para vender carne enlatada. O périplo aconteceu em um período de dois anos, época em que Cunha também teria comercializado arroz e feijão, e incluiu passagens por países que sequer existem mais, como é o caso do Zaire. Teria vindo daí, segundo ele, parte de sua fortuna depositada fora do País.
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NÃO É PIADA
Ao lado do fiel escudeiro Paulinho da Força, o presidente
da Câmara, Eduardo Cunha, faz troça de tudo e todos
Óbvio. Trata-se de uma versão que não pára em pé. Como a desculpa que ele invoca de um incrível depósito feito no exterior por um parlamentar já falecido, o ex-deputado do PMDB mineiro Fernando Diniz. Segundo Cunha, foram os repasses do colega morto que ajudaram a rechear suas contas na Suíça. O lobista João Augusto Henriques, preso na Operação Lava Jato, diz que o depósito teria sido ordenado por Felipe Diniz, filho do ex-deputado. O conto da carochinha desmoronou como um castelo de cartas na última semana, depois de Diniz negar tudo em depoimento à Procuradoria-Geral da República. Não foi a primeira, nem a segunda, muito menos a terceira vez que Cunha seria desmoralizado. Em março, Cunha protagonizou cenas teatrais ao ir à CPI da Petrobras, de surpresa, para negar que tivesse contas não declaradas no exterior. De lá para cá, pelo menos sete (leia quadro) versões apresentadas por ele caíram por terra. Foram desmentidas de maneira cabal. Embora Cunha pareça não ligar muito para isso, nada como a teimosia dos fatos, diria o escritor americano, Mark Twain. Como se sabe, a mentira é o pecado que mais leva a cassações por quebra de decoro no Congresso. Por isso, não dá para Cunha brincar por muito tempo de “Catch Me If You Can (Pegue-me se for capaz)” – comédia dramática baseada na vida do falsário Frank Abagnale Jr. Por terem sido pegos na mentira, caíram lá atrás ACM, Jader Barbalho, José Roberto Arruda e Renan Calheiros. Um experiente parlamentar do PMDB resumiu assim o funcionamento da Casa: “No Congresso é assim, você pode matar, mas não pode mentir. Se o parlamentar matar alguém e for perguntado sobre isso em uma CPI e ele disser que matou, não é cassado, pois caberá fazer sua defesa nos tribunais. Agora, se ele mentir e ficar comprovado, aí pode perder o mandato”

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