As estimativas de corrupção na Petrobras dobraram de R$ 2,1 bilhões para R$ 4 bilhões, segundo informou nesta segunda-feira (16/3) o coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol. Hoje, ele e os oito procuradores da equipe denunciaram 27 pessoas, entre elas o tesoureiro do PT, João Vaccari, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, executivos das empreiteiras OAS, Mendes Júnior e Setal.
De acordo com a denúncia, havia irregularidades nas obras nas refinarias Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, e de Paulínea (Replan), em São Paulo, e nos gasodutos Pilar-Ipojuca, em Pernambuco, e Urucu-Coari, no Amazonas. De lá, os recursos migravam para o exterior ou para o caixa do PT, por meio de Vaccari. Os 24 atos de corrupção significam, sozinhos, perdas de R$ 136 milhões. Para lavar o dinheiro, houve até a compra da sociedade de um avião, cujas cotas pertenciam ao ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco.
Em cada obra, havia uma complexa trilha de dinheiro, que envolvia sistemas paralelos, segundo a Procuradoria. O destino final, eram os partidos PT e PP e seus diretores indicados para a Petrobras.
Na Repar, por exemplo, as empreiteiras repassaram R$ 111 milhões dinheiro para empresas controladas por Augusto Mendonça, executivo da Setal. De lá, ele remetia o dinheiro por três caminhos.
No primeiro, o destino era Adir Assad, investigado na Operação Saqueador e na CPI do Cachoeira. Segundo a PF, ele é mais um operador do esquema. Só uma das empresas de Mendonça, a Tipuana, repassou R$ 33,6 milhões para firmas de Assad (Legend, SM Terraplenagem e Rockstar Marketing), de acordo com quebra de sigilo bancário obtida pelo Correio. De acordo com o Ministério Público, se consideradas outras empresas de Mendonça, os valores sobem para R$ 36 milhões. Das contas de Assad, parte dos recursos seguia para Renato Duque.
Outro caminho do dinheiro das firmas de Mendonça eram pagamentos oficiais ao PT: R$ 4,2 milhões. Uma terceira trilha era remeter R$ 20,6 milhões para Barusco.
Prisões
Hoje, a PF cumpriu 12 mandados de busca e prendeu cinco pessoas: Duque, o filho do operador Mário Góes – Lucélio Góes –, o empresário Adir Assad e mais duas pessoas ligadas a ele, Sônia Mariza Branco e Dário Teixeira. A prisão de Sueli Maria Branco não foi feita porque ela estava falecida.
A reportagem não localizou defensores de Asssad, Góes, Teixeira e Sônia. Mas, ao Jornal Nacional, o advogado de Assad diz que vai ingressar com um habeas corpus para soltar seu cliente.
Balanço
Hoje, a Lava-Jato completa um ano. Desde então, foram propostas 20 ações criminais contra 103 pessoas. Há ainda cinco ações de improbidade inclusive contra pessoas jurídicas. Foram expedidos 71 mandados de prisão e 215 de busca e apreensão. Há 80 inquéritos e 320 procedimentos em andamento que investigam 485 pessoas e empresas. Até o momento, R$ 139 milhões já retornaram aos cofres públicos
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