segunda-feira, 9 de março de 2015

SENADOR PETISTA DIZ QUE SOFRE TORTURA POLÍTICA COM O PETROLÃO

Senador Humberto Costa (PT-PE) durante sessão do Plenário que examina o processo de cassação do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO)
Senador Humberto Costa (PT-PE): na lista de Janot(Antonio Cruz/Agência Brasil)
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), disse nesta segunda-feira que a inclusão de seu nome entre as autoridades investigadas na Operação Lava Jato se assemelha a uma "tortura pública" e afirmou que o pedido de abertura de inquérito contra ele, aceito na última sexta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF), é resultado de "pressa" do Ministério Público para apresentar à sociedade nomes de suspeitos de terem recebido propina no escândalo do petrolão. De acordo com ele, os pedidos de investigação encaminhados ao STF contra 22 deputados e doze senadores transformaram o procurador-geral no "homem mais poderoso na República".
Com um plenário esvaziado, Costa ocupou a tribuna do Senado para se defender das suspeitas de que teria recebido propina, em forma de doação eleitoral, de contratos fraudados na Petrobras. "Sou lançado à arena do espancamento público e ao açodado tribunal da culpa prévia. Tive um pedido de investigação baseado em elementos frágeis e antecipadamente transformado em sentença condenatória", disse o petista. Ele ainda questionou o fato de suas doações de campanha terem sido colocadas sob suspeita e afirmou que doações de empreiteiras hoje investigadas por fraudes na Petrobras não significam que os recursos sejam propina distribuída a políticos.
"Todas as doações de campanha que recebi foram legais, registradas, auditadas, julgadas e aprovadas pela justiça eleitoral. O fato de parte dos recursos que recebi legalmente de empresas [ligadas à Lava Jato] em 2010 não é por si só motivo de suspeição e muito menos de abertura de inquérito. Se fosse assim, a procuradoria tinha que abrir inquéritos para investigar 150 parlamentares federais que receberam recursos dessas empresas em 2010 e contra 250 deputados e senadores receberam recursos dessas empresas para suas campanhas", disse.
De acordo com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos principais delatores do escândalo do petrolão, o presidente da Associação das Empresas do Estado de Pernambuco, Mario Beltrão, pediu que o ex-dirigente da estatal viabilizasse 1 milhão de reais para a campanha do petista ao Senado, em 2010. "Quando Mario Beltrão solicitou a quantia para a campanha de Humberto Costa estavam reunidos apenas o depoente [Paulo Roberto] e Mario Beltrão. Autorizou o pagamento porque Humberto Costa era um expoente dentro do PT, e a fonte de pagamento da quantia solicitada foi o caixa comum do PP", diz trecho da delação premiada de Paulo Roberto Costa.
"Parece incrível que alguém tenha encontrado elementos para a abertura de um inquérito. Só posso atribuir à tensão dos integrantes do Ministério Público, à pressa de entregar à imprensa nomes que passaram a ter o julgamento sumário que estão tendo agora", disse o senador nesta segunda-feira em Plenário. "Minha honra foi atacada, macularam minha vida pública", resumiu.
Segundo o Ministério Público, uma das evidências de que dinheiro sujo pode ter ido parar na conta de campanha de Humberto Costa ao Senado é o fato de a arrecadação petista nas eleições de 2010 - de pouco mais de 5,2 milhões de reais - ter recebido 1,5 milhão de reais das empreiteiras Camargo Correa e OAS, ambas investigadas na Operação Lava Jato. "As fontes de recursos do Diretório Estadual/Distrital do PT em Pernambuco, Diretório Estadual/Distrital do PSB em Pernambuco; Diretório Nacional do PSB e Diretório Nacional do PT estão assentadas essencialmente em empresas investigadas na Operação Lava Jato", disse o procurador-geral da República Rodrigo Janot no pedido de inquérito.
No pedido de investigação contra o senador petista, Janot aponta que os recursos foram pedidos porque Humberto Costa teria influência no PT e poderia atuar para que Paulo Roberto Costa fosse mantido na diretoria da Petrobras e continuasse a beneficiar políticos com propina. "Como uma premissa falsa como essa pode constar no pedido de abertura de inquérito? Como se eu, como simples candidato, tivesse poder para tirar ou manter Paulo Roberto. Nem uma criança de 5 anos de idade é capaz de acreditar em um argumento como esse", rebateu o senador.
Além de Humberto Costa, serão investigados onze senadores, incluindo o presidente da Casa Renan Calheiros (PMDB), a ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT) e o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB). Na Câmara, 22 deputados são alvo de inquérito, incluindo o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

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