sábado, 12 de março de 2016

LÍDER DO GOVERNO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS RECEBEU PROPINA

AJUDA O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), é acusado de receber R$ 95 mil em propina. (Foto: Beto Barata/Folhapress)
A presidente Dilma Rousseff nunca teve uma vida estável no Congresso. Extensa na teoria, sua base de apoio parlamentar não só deixa a desejar nos momentos decisivos, como joga a favor de um pedido de impeachment de Dilma. Na semana passada, parlamentares mostraram que seu governo não está em condições de organizar qualquer coisa no Legislativo. Parte disso se deve ao fato de Dilma ter perdido um de seus principais articuladores no Senado, o líder do governo Delcídio do Amaral (PT-MS). A Operação Lava Jato levou Delcídio, preso em novembro ao tentar obstruir a investigação, e hoje convertido em colaborador. Agora, a Lava Jato ameaça carregar o outro líder de Dilma, também petista. O deputado José Guimarães, do PT do Ceará, aparece em uma delação premiada acertada com os procuradores da Força Tarefa do Ministério Público Federal. 
Trata-se de um acordo especial: é o primeiro fechado por um operador do PT. Foi homologado há poucos dias pelo ministro José Antonio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal. A pedido do delator, que teme pela vida, seu nome é mantido em sigilo pela Procuradoria Geral da República. Trata-se de uma exceção, permitida por lei, no padrão de tratamento das delações obtidas pela Lava Jato. ÉPOCA teve acesso à delação do petista. Para cada caso que conta, ele lista uma série de documentos fornecidos para provar o que está dizendo. Seus relatos incluem, além de  Guimarães, casos de corrupção que envolvem o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, e o ex-presidente da Câmara, deputado Marco Maia.
delator confessa que trabalhou como uma peça essencial do esquema clandestino montado pelo PT para arrecadar dinheiro de empresas interessadas em fazer negócios com o governo. Essas empresas tinham de pagar um pedágio, operado pelo delator e organizado por Paulo Ferreira, tesoureiro do PT entre 2005 e 2010, e marido da ministra do Desenvolvimento Social, Teresa Campello. Ferreira é, hoje, o único dos mais recentes tesoureiros do PT que não passou pela cadeia. O sistema de pagamento do pedágio era simples e já bastante conhecido nas investigações da Lava Jato: Ferreira orientava o delator a celebrar falsos contratos de prestação de serviços de empresas fantasmas com as companhias privadas interessadas em obter contratos na Petrobras, outras estatais e bancos públicos. Depois que recebiam os pagamentos de estatais, as empresas acertavam a propina combinada com os petistas, mediante contratos fajutos para serviços inventados.

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