sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

A ATUAÇÃO DO GENERAL MOURÃO.

Bem-vindos à Era MourãoNão foi preciso nem um mês para confirmar a precarização sistêmica do clã Bolsonaro. O novo presidente, de forma eficiente, demostrou que as predições negativas feitas nos meses prévios, na campanha eleitoral, não eram simplesmente discursos eleitorais de candidatos opositores. Estamos vivendo a tragédia anunciada. Existe um paradoxo: o aspecto mais previsível do atual governo é justamente sua imprevisibilidade, tendo em vista a alta dose de improviso que está em jogo.
Por um lado, nada foi proposto, nem uma política pública honesta foi estabelecida como norte do novo governo, exibindo incapacidade e pouco planejamento. Por outro lado, os discursos e símbolos que desfilaram no primeiro mês de governo nos deixam um sentimento misto de vergonha e desconfiança. É só lembrar alguma fala aleatória de parte dos ministros mais visíveis do governo nacional.
Menos de um mês foi o suficiente para conhecer e se desesperar com as novidades. Enquanto isso, o silencio nas áreas vitais preocupa mais ainda. Mas além do desfile de paradoxos, temos na nossa frente o precipício do novo momento nacional. E desse precipício não se sabe quem vai cair. Foi descoberto um esquema de corrupção que tiraria a qualquer agente de governo, mesmo um presidente. Não se trata só disso, mas também do seu vínculo com a milícia que nos deixa no limite do precipício dos sentidos institucionais e humanos. Assim, a continuidade do Clã Bolsonaro é a aceitação de um novo tipo de estado brasileiro, mais perto do Oriente Médio que da trajetória histórica brasileiro.
As milícias representam hoje a forma de criminalidade mais espúria para a ordem democrática. Isso porque ela conjuga crimes de colarinho branco (lavagem de dinheiro, empresas fantasmas, cabides de emprego no setor público etc.) com crimes contra a vida, principalmente, os homicídios e desaparecimentos forçados. Elas expressam, assim, um vórtice entre o poder econômico das elites nacionais e a propagação da manifestações agudas da barbárie no nível local. O caráter explícito das relações entre a família Bolsonaro e as milícias (vínculos de amizade, homenagens públicas, contratações suspeitas em gabinete parlamentar) define as linhas gerais da chegada ao poder nacional dessa rede criminosa. É, portanto, a expressão de outro paradoxo: o exercício de um governo que desconstitui a ordem para a qual foi eleito.

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