terça-feira, 1 de março de 2016

P.T. TIRA MINISTRO DA JUSTIÇA PARA ATRAPALHAR A LAVA JATO


A saída do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, confirmada nesta segunda-feira 29, carrega vários significados. Todos são danosos politicamente para a presidente Dilma Rousseff. Em outubro do ano passado, na semana em que o escritório de um dos filhos do ex-presidente Lula sofreu uma devassa da Polícia Federal, Cardozo concedeu uma corajosa entrevista à ISTOÉ na qual dizia que ninguém estava acima da lei. A partir dali, o ministro - já alvo de toda a sorte de pressões - começava a ser fritado de maneira inclemente pelo PT por algo que deveria ser encarado como uma grande virtude sua: não permitir ingerência no trabalho dos agentes federais. Num País onde sempre prevaleceu a máxima “aos amigos, tudo; aos inimigos, os rigores da lei”, o zelo do ministro pelo artigo 5º da Constituição brasileira, segundo o qual todos deve ser iguais perante a legislação, traduzido na liberdade para a PF investigar quem bem entendesse, nunca deveria ser considerado um demérito. Mas para o chamado “PT lulista” este era o principal defeito do ministro.
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O demissionário ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo 
O caldo entornou de vez nas últimas semanas quando Lula, e não apenas seu filho, passou a ser investigado pela PF e as apurações da Lava Jato começaram a tisnar a campanha de Dilma. A impossibilidade de dissociar a saída de Cardozo, neste momento, a uma tentativa de blindar o ex-presidente - e ela própria - macula ainda mais a imagem de Dilma já bastante deteriorada em razão da crise vivida no País. Todos, sem exceção, hão de inevitavelmente perguntar: “Quer dizer que agora que chegou em Lula e na campanha dela, o governo derruba do ministério da Justiça quem permitia as investigações?”. Não só ele. Com a ida de Cardozo para a AGU, também balança no cargo o diretor-geral da PF, Leandro Daiello. Para quem repetiu como um mantra, durante a campanha de 2014, o discurso de que o governo do PT distinguia-se dos demais por deixar investigar, trata-se de um tiro do pé. A propósito, esse era o último discurso da campanha à reeleição que ainda se mantinha inexpugnável. Como as demais, a retórica do “PT não poupa ninguém” desabou como um castelo de cartas. No lugar de Cardozo, assume Wellington Cesar, ex-procurador geral do MP da Bahia ligado a Jaques Wagner. Em recente entrevista, Cesar sustentou que a polícia não deveria ter autonomia plena de investigações. Difícil imaginar, na atual circunstância, uma reviravolta nos trabalhos da Lava Jato. Seria mais um escândalo a envolver o atual governo. Assim sendo, caberá à presidente, e como conseqüência ao PT, apenas o ônus da saída de Cardozo

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