segunda-feira, 11 de julho de 2016

ACORDO ANTECIPA ELEIÇÕES NA CÂMARA DOS DEPUTADOS


 Marcelo Camargo/Agência Brasil - 8/6/16


Depois de um dia dedicado a reuniões e negociações, os representantes do chamado Centrão conseguiram que o presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão, aceitasse antecipar a eleição do seu sucessor quarta-feira, às 19h, um dia depois do que pretendia o grupo de partidos aliados do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Agora, os aliados de Cunha farão de tudo para evitar que o recurso contra o parlamentar seja analisado esta semana, na Comissão de Constituição e Justiça, de forma a dar ao futuro comandante da Casa poder de protelar a apreciação do processo em plenário.

O encontro dos parlamentares começou com um almoço na casa do deputado Rogério Rosso (PSD-DF). A ideia inicial era tirar dali uma candidatura única do grupo e arrumar a estratégia para forçar a eleição na terça-feira. O líder do governo, André Moura (PSC-CE), estava presente, assim como o do PTB, Jovair Arantes (GO); do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB); do PR, Aelton Freitas (MG). Da Mesa Diretora, foram o primeiro-secretário, Beto Mansur (PRB-SP), e o segundo vice-presidente, Fernando Giacobo (PR-PR). Havia ainda representantes do PR, do PV e até do PSB, o deputado Hugo Leal (RJ). O líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), passou por lá mais tarde.

O grupo não conseguiu nem forçar a eleição para terça-feira, tampouco reduzir o número de candidatos. O petebista Jovair Arantes era um dos mais engajados na defesa da eleição amanhã. No início da conversa, em que Maranhão era execrado por todos, houve quem defendesse inclusive recursos à Justiça. A ideia foi descartada, porque, segundo relatos dos líderes, Beto Mansur alertou: “Vocês estão loucos? Quem está de plantão é o (Ricardo) Lewandowski (presidente do Supremo Tribunal Federal). E se ele suspende tudo e deixa a eleição para agosto? Maranhão fica mais um mês”. Diante da falta de instrumentos, os deputados começaram a negociar com o presidente em exercício, que aceitou, no máximo, quarta-feira à noite. Assim, a CCJ terá amanhã e toda a quarta para concluir a análise dos recursos de Eduardo Cunha, deixando a votação do parecer em plenário para agosto.


A parte relativa à retirada de candidaturas não se mostrou tão simples. Giacobo e Mansur foram diretos: vão concorrer e ponto. “Eu não vou retirar. Tenho cinco mandatos, trânsito na Casa, sou aliado do governo e a eleição é em dois turnos”, disse Mansur, segundo relato de três parlamentares presentes. O “cinco mandatos” soou a alguns como uma delicada alfinetada no anfitrião, deputado de primeiro mandato. Rosso, aliás, não revelou ali se vai disputar o cargo. Quando perguntado, disse que estava avaliando. Alguns, entretanto, lembraram a Rosso que ele é novo, tem pretensões políticas e já está carimbado como o candidato de Eduardo Cunha. Em outras palavras, disseram “sai daí rapidinho!”. Rosso, entretanto, não pretende deixar de concorrer e quer tirar a pecha de ser o nome do ex-presidente da Câmara na eleição.

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