sábado, 30 de julho de 2016

EDUARDO SUPLICY FOI A NOCAUTE

Nesta semana, um dos expoentes mais longevos do Partido dos Trabalhadores, Eduardo Suplicy, foi alçado ao ar por duas vezes: do chão ao púlpito e do chão à delegacia. Em ambas as ocasiões, Suplicy, de 75 anos, agiu como um militante de 20. Na manhã do domingo (24), Suplicy imiscuíra-se na multidão que ocupava a quadra do Sindicato dos Bancários, em São Paulo. Era o lançamento da candidatura à reeleição de Fernando Haddad para a prefeitura. Dois marmanjos foram à beira do tablado e ergueram Suplicy pelas axilas, como se tira uma criança desajeitada da piscina. A calça social do ex-senador ameaçou embaraçá-lo, mas o cinto preto cumpriu sua missão. O público delirou: “Suplicy, Suplicy!”. O ex-senador é afagado como um mascote. E, como tal, é leal na glória e na tormenta. Na manhã seguinte, o mascote recebeu um telefonema. Era Verinha, do movimento dos sem-terra. A polícia militar estava no Jardim Raposo Tavares para remover 350 famílias de um terreno da prefeitura. O ex-senador apelou a Haddad, a secretários. Pensava que a remoção seria adiada. Não foi. Suplicy correu ao local. Um ônibus fora depredado por manifestantes e a polícia repreendia com vigor. Quando uma retroescavadeira se aproximou, cercada por policiais armados com cassetetes, Suplicy atirou-se ao chão. Avisou à PM que só sairia dali carregado. Quatro marmanjos – agora da PM – o puxaram pelas axilas e, 200 metros depois, o largaram num camburão. “Vai mais devagar, senão vocês rasgam a minha roupa”, pediu Suplicy. No caminho para a delegacia, Suplicy contou de seu passado de boxeador aos algozes: “Treinei boxe por seis anos e lutei no campeonato da Gazeta Esportiva, que noticiou ‘Suplicy saiu da lona para ganhar por nocaute’”. Ele foi liberado pelo delegado três horas depois. Nocaute.
 O ex-senador Eduardo Suplicy (Foto: Victor Affaro/ÉPOCA)

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