sábado, 23 de julho de 2016

JOÃO SANTANA E SUA MULHER ENTREGAM CAIXA DOIS DE LULA E DILMA

Presa em fevereiro na Operação Acarajé, a 23ª fase da Lava Jato,Mônica Moura deu um sorriso vasto por trás de seus portentosos óculos de sol ao ser fotografada na entrada do Instituto Médico-Legal para o exame de corpo de delito. “Não vou baixar a cabeça, não”, disse Mônica, horas antes de, como também faria seu marido, o publicitário João Santana, negar aos investigadores que o dinheiro recebido pelo casal no exterior era parte de pagamentos de campanhas do PT realizados com recursos desviados da Petrobras. Santana, o Patinhas, foi o responsável pelas campanhas eleitorais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 e da presidente afastada Dilma Rousseff em 2010 e 2014. Depois de quatro meses e 27 dias encarcerada, Mônica não mais sorri nem exibe a cabeça erguida. Seu advogado pediu ao juiz Sergio Moro que o depoimento em que ela admitiria, sem titubear, seus crimes – devidamente travestidos com o termo “caixa dois”, como se isso amenizasse a gravidade de seus delitos – fosse gravado apenas em áudio. A câmera da sala de audiências foi virada para o lado para não mostrar o rosto da publicitária. Mônica nem sequer esperou Moro concluir a pergunta sobre a legalidade dos repasses para admitir, decisivamente: “Foi caixa dois mesmo, Excelência. Foi caixa dois”.
João Santana,a presidente afastada Dilma Roussef eo  ex presidente  Lula (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
Mônica negociava havia meses uma delação premiada para contar o que sabia sobre o fluxo de dinheiro entre fornecedores da Petrobras e campanhas petistas. Demonstrando cansaço no depoimento a Moro, ela gesticulava e marcava sílabas tônicas de certas frases com leves toques na mesa. E chorou ao falar da família, seguindo o roteiro clássico dos delatores. Santana, por sua vez, vestindo terno e aparentando tranquilidade, agia como se não estivesse preso havia quase 150 dias. Em menos de uma hora de depoimento, o publicitário chamou a prática de caixa dois, que negava realizar até poucos dias atrás, de “nefasta”, “equivocada”, “um constrangimento profundo”, “um risco”, “um ato ilegal”, “lamentável”, “errada”, “uma coisa de que me arrependo”, “deplorável”, “triste” e “trágica”. “Nós podemos ter errado, mas não pecado no sentido absoluto do termo”, disse Santana. O vernáculo lustroso usado pelo marqueteiro é uma estratégia para banalizar seu crime. Note-se, aliás, que ele não usa a palavra crime, embora o esteja confessando. Fala em erro. Acontece que o caixa dois nada mais é que uma sucessão de crimes: dinheiro desviado da Petrobras foi repassado por intermédio de pessoas indicadas pelo PT, remetido para contas secretas no exterior e lavado em contratos fraudulentos.

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