quarta-feira, 6 de setembro de 2017

JANOT SABIA DOS ÁUDIOS DA JBS ANTES DAS GRAVAÇÕES

Marcelo Camargo/Agencia Brasil
Joesley Batista e Ricardo Saud, do Grupo J&F, afirmaram em uma conversa gravada que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tinha ciência prévia dos seus planos para firmar um acordo de delação premiada, que era negociado informalmente com o ex-procurador Marcelo Miller. As declarações contradizem a versão do Ministério Público Federal sobre as tratativas para o acordo, que serviu de base para a denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer. O diálogo ocorreu provavelmente em 17 de março, dez dias após Joesley ter gravado sua conversa com Temer no Palácio do Jaburu.

No áudio, entregue ao Ministério Público Federal no último dia 31, o empresário diz que pretendia delatar Temer e "falar" do Supremo Tribunal Federal na colaboração. Caso estivesse em curso uma ação controlada, na qual o Ministério Público orienta os colaboradores a produzirem provas de crimes, o presidente só poderia ser gravado com autorização do STF.

Em Paris, o ministro Gilmar Mendes, do STF, levantou a suspeita de "uma ação controlada sem ordem judicial" e disse que a PGR terá de responder sobre isso. 

Na segunda-feira (4/9), ao anunciar uma investigação que pode levar ao cancelamento dos benefícios dados aos delatores, Janot afirmou que a Procuradoria-Geral da República não mantivera direta ou indiretamente contato com eles antes de ter sido procurada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista em 27 de março - o acordo foi fechado no dia 7 de abril. 

A divulgação do conteúdo do áudio levou a uma ofensiva da defesa de Temer e de aliados no Congresso pela anulação da delação. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, suspendeu o sigilo da gravação

Nenhum comentário:

Postar um comentário