quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

É INSUSTENTÁVEL A PERMANÊNCIA DE GRAÇA FOSTER NA PETROBRÁS


Dida Sampaio/Agência Estado - 28/3/07 e Bruno Peres/CB/D.A Press - 15/4/14
Dois dias após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter sugerido a demissão da atual diretoria da Petrobras, novas denúncias colocam a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, blindada pelo Planalto, no centro do escândalo de corrupção entranhado na petrolífera. Mensagens de e-mails, encaminhadas desde 2009 pela ex-gerente executiva da Diretoria de Refino e Abastecimento Venina Velosa da Fonseca, indicam que Foster foi alertada sobre ilegalidades em contratos e licitações. Ontem, a oposição cobrou a demissão da presidente da empresa e confirmou que o nome de Foster será incluído na lista de indiciados do relatório paralelo da CPMI da Petrobras. O documento, preparado pelos oposicionistas, será apresentado na próxima quarta-feira.

A denúncia contra a presidente da Petrobras foi publicada na edição de ontem do jornal Valor Econômico. Informações de bastidor apontam que as revelações causaram um grande mal-estar no Planalto. Dentro do PT, a avaliação é de que a situação de Foster ficou insustentável. Petistas avaliam que a presidente da República deve agir rapidamente para tentar evitar novos ataques.

De acordo com a reportagem, ela foi alertada, inicialmente, a respeito de contratações irregulares na área de comunicação da Diretoria de Abastecimento, administrada por Paulo Roberto Costa entre 2004 e 2012. As primeiras denúncias de Venina tiveram como foco pagamentos de R$ 58 milhões por serviços que não foram realizados na área de comunicação da estatal, em 2008. Ela teria procurado o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa para reclamar das irregularidades. 

Um ano depois, Venina encaminhou um e-mail para a diretoria de Gás e Energia, comandada por Graça Foster na época, informando sobre desvios na implantação da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. As obras, que inicialmente foram orçadas em US$ 4 bilhões, chegou a US$ 18 bilhões após assinaturas de contratos aditivos. Depois que as denúncias foram encaminhadas, a ex-gerente foi transferida para Cingapura, na Ásia, e, em novembro, afastada da petroleira. Conforme a denúncia, neste ano, antes da deflagração da Operação Lava-Jato, Graça Foster foi alertada novamente. Dessa vez, as mensagens indicavam cometimento de fraudes em unidades da Petrobras no exterior.

Na terça-feira, poucas horas depois do pronunciamento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, superior hierárquico da Polícia Federal, à frente das investigações da Lava-Jato, convocou uma entrevista coletiva e saiu em defesa da atual diretoria da Petrobras. Afirmou que não há informações de que eles tenham cometido atos ilícitos e, por isso, devem permanecer nos cargos. “Não estou dando recado, mas uma posição do governo a partir de uma sugestão do procurador-geral da República. Estou dizendo que não há indício contra a atual diretoria.”

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