A presidente Dilma Rousseff e Kátia Abreu: relação cortês e afável, nas palavras da senadora (Sérgio Lima/Folhapress/VEJA)
Maior grupo empresarial de carnes do mundo e principal doador da campanha eleitoral de 2014, o frigorífico JBS, da marca Friboi, faz lobby contra a indicação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para comandar o Ministério da Agricultura no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. O empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo, esteve na quarta-feira com o chefe da Casa Civil do governo, Aloizio Mercadante, com quem tratou do tema em uma reunião reservada, fora da agenda oficial do ministro.
O JBS doou ao todo 352 milhões de reais nestas eleições, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos quais 69,2 milhões de reais foram destinados à campanha de Dilma à reeleição. Também desembolsou 61,2 milhões de reais aos postulantes a uma vaga na Câmara dos Deputados e 10,7 milhões de reais aos candidatos ao Senado. Apesar do volume aplicado na bancada ruralista, Kátia Abreu, que tentou e conseguiu renovar seu mandato de senadora pelo Tocantins, não recebeu nenhuma doação do JBS.
Presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), ela é uma das principais lideranças do agronegócio no país, o que lhe ajudou a arrecadar quase 7 milhões de reais neste ano – incluindo doação de 100.000 reais realizada pelo frigorífico Minerva, concorrente do JBS.
O lobby do maior frigorífico do mundo explicita uma guerra nos bastidores sobre o comando na Agricultura. Como representante dos pecuaristas, a senadora assumiu uma posição de ataque à empresa de Batista. Os criadores de gado temem a concentração de mercado que a empresa exerce cada vez mais, influenciando no valor da carne vendida por eles. O grupo JBS é responsável por cerca de 20% do abate bovino no país. O peso do frigorífico na formação de preço é uma das explicações para a acidez da senadora contra a empresa.
O clima entre Kátia e Batista ficou ruim depois que a senadora acusou de antiética a campanha publicitária do JBS sobre a segurança sanitária representada pela Friboi. Em discurso no Congresso, em agosto de 2013, a senadora protestou: "Vá e diga que a sua carne é boa, que tem boa qualidade, que é produzida em frigoríficos de primeira. Mas não diga que é a única que o povo brasileiro pode comer.
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