sexta-feira, 18 de agosto de 2017

POLÍTICOS QUEREM O FIM DA "LAVA JATO"?

Soldados se amontoam para fugir no filme  Dunkirk (Foto: Divulgação)
Narro esse episódio porque os acontecimentos dos últimos meses em relação ao particular combate que o Brasil trava contra a corrupção não são animadores e nos colocam em cerco que metaforicamente faz lembrar Dunquerque. Os sinais emitidos pelo Legislativo, pelo Executivo e por algumas figuras proeminentes do Judiciário, ora por gestos, ora por fala direta, ora por panfletos da imprensa, são muito claros, especialmente para quem labuta diuturnamente na investigação e no processamento dos escandalosos casos de corrupção no país: “Rendam-se, vocês estão cercados”. E, de fato, estamos mesmo sob perigoso cerco. Pior até, aparentemente isolados em uma praia de onde não é fácil divisar saída viável. Tudo leva a crer que, passado o susto inicial, o sistema político intrinsecamente corrupto que governa o país se rearranjou e fortaleceu-se. O indispensável apoio da opinião pública ao trabalho de combate à corrupção desvaneceu e parte da imprensa normalizou a lei do vale-tudo na política.
Não importa quão grotesca seja a situação de rapinagem em que a autoridade política seja surpreendida – malas de dinheiro, conversas clandestinas com criminosos, recebimento explícito de propina de milhões, nada disso parece impressionar mais –, alguns sempre preferem desviar a atenção para filigranas jurídicas e supostos excessos dos órgãos de investigação. A ideologia e até simpatias ou antipatias pessoais estão sempre acima dos fatos. Não importa se o Brasil está afundado em corrupção, se nossa elite política está completamente degenerada e parece incapaz de operar de outra forma que não seja por meios criminosos. Ao ler os jornais e ouvir algumas autoridades, temos a impressão de que, não fosse o Ministério Público e alguns corajosos juízes, o país já teria alcançado o panteão dourado do Primeiro Mundo

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