terça-feira, 27 de agosto de 2019

A CRISE NA AMAZÔNIA É CULPA DE BOLSONARO?

Em condições normais de pressão e temperatura, os pitacos de um chefe de Estado europeu sobre como o Brasil deve se comportar em seu próprio quintal seriam razões suficientes para deixar qualquer habitante da antiga colônia portuguesa desconfiado e com o cabelo em pé.
A conversa não é só retórica, nem se baseia apenas em fotos antigas ou noções inverídicas a respeito do “pulmão do Planeta”. Prevê um estatuto internacional para proteger a Amazônia, uma “questão real que se imporia se um Estado soberano tomasse medidas concretas que claramente se opusessem ao interesse do planeta”.
Foi isso o que declarou, na reunião do G7, um encontro do qual o Brasil não participou, o presidente francês, Emmanuel Macron, em um contexto complexo de retomada de protagonismo no tabuleiro europeu e uma guerra comercial que promete fazer estragos mundo afora entre China e EUA.
A fala parece legitimar a reação de Jair Bolsonaro diante da questão. Segundo ele, a postura do líder francês evoca a mentalidade colonialista descabida no século 21.
O discurso, novamente em condições normais de pressão e temperatura, uniria diferentes correntes do pensamento político. Quer ver? Em 2013, o jornal Em Discussão, do Senado, ouviu de Fernando Collor, então presidente da Comissão de Relações Internacionais da Casa, que “a floresta amazônica desperta cobiça por sua biodiversidade” e que “temos de estar preparados para defender qualquer tipo de olho gordo em cima dessas nossas riquezas”.
Na outra ponta o então governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro da Justiça Tarso ­Genro afirmava: “Há visões da comunidade internacional que defendem a Amazônia como se ela fosse território da Humanidade e não território brasileiro. Isso aí esconde interesses econômicos sobre a Amazônia como reserva planetária para grandes multinacionais e para controles territoriais de outros países sobre o Brasil”

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