sábado, 31 de agosto de 2019

CONDENARAM LULA A NÃO SER GENTE DIZ A VAZA JATO.

Acusação usa Power Point para provar culpa do ex-presidente Lula. Reprodução
Acusação usa Power Point para provar culpa do ex-presidente Lula. Reprodução

Os integrantes da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba (PR), devem ter seus motivos para acreditar que o ex-presidente Lula tenha tido um julgamento justo .
Podem acreditar que acelerar os ritos legais para que ele fosse encarcerado antes da eleição tenha contido um mal maior.
Que nunca antes na história do país tantos males foram impetrados contra uma nação até então pura, hoje corrompida, pelo cajado de seu investigado.
Com provas ou não, seus procuradores podem ter as convicções que quiserem a respeito das responsabilidades do ex-mandatário durante seu governo no rombo à Petrobras e aos cofres públicos.
Podem tentar demostrar, em Power Point, que todos os males se convertem em um único nome, com quatro letras.
Podem quase tudo, inclusive escolher quem é ou não digno de pena no sistema carcerário brasileiro.
Só não podem, ou ao menos não deveriam, duvidar de que em uma cela da Polícia Federal em Curitiba tenha uma pessoa. Isso não tem (só) a ver com empatia, afinidade política, flexibilização afetiva diante dos ossos do ofício de quem está lá para acusar. Trata-se de reconhecer a condição humana como um fato, e não como um slide a ser apresentado ao público.
Essa condição empresta ao sujeito algumas noções básicas de...humanidade. Vale para o ex-presidente, vale para seus antecessores, vale para qualquer um que o tenha sucedido.
Vale para mim, vale para você: enquanto o mundo não for gerido por máquinas, a humanidade de quem quer que seja é algo inerente à condição de quem respira e, nesta condição, agir, sentir, pensar, construir uma história, vínculos, valores, memórias, conflitos, dores, limitações, contradições, medos e alegrias.
“O diabo não há! É o que eu digo, se for… Existe é homem humano”, ensinava Guimarães Rosa.
Quando perdeu o neto de sete anos, em março, Lula pediu para ir ao enterro. O pedido, segundo reportagem do portal UOL a partir de mensagens de um chat privado obtido pelo The Intercept Brasil com uma fonte anônima, rendeu intensos debates no grupo de procuradores do Paraná.

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