quinta-feira, 3 de agosto de 2017

QUANTO CUSTOU A VITÓRIA DE TEMER NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

Sessão em que deputados analisaram a denúncia contra o presidente Michel Temer (Foto: Givaldo Barbosa / Agência O Globo)
Como não é proibido a um liberal ser bem-humorado, o economista Roberto Campos – quando desafiado por tabelas e estatísticas complexas – dizia que os números são como os biquínis: mostram muito, mas escondem o essencial.
Que Michel Temer venceu, venceu. A Câmara dos Deputados rejeitou a denúncia do procurador-geral, Rodrigo Janot, que o transformaria no primeiro presidente no exercício do mandato a ser processado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Mas às vezes o diagnóstico de uma vitória ou derrota guarda pouca relação com os resultados dos campos de batalha. Claro, se Temer tivesse tangenciado o número mágico de 308 votos a seu favor (necessário a aprovar emendas à Constituição), teria mostrado musculatura, capacidade de resistir aos apelos corporativos e à pressão por mais gastos. Sem alcançá-lo, o presidente, seus ministros, spin doctors, e aliados perderam a luta pela definição da realidade. Temer ganhou, mas não levou.
Não capitalizará facilmente a vitória porque o placar indica que Temer foi apenas capaz de mostrar força para sobreviver como um presidente em ponto morto, até 2018. Sim, mesmo magro, o resultado é suficiente para blindá-lo contra as novas denúncias de Janot (desde, claro, que essas não venham anabolizadas por novas delações cirurgicamente dirigidas ao presidente). Mas o capital político – e orçamentário – gasto na operação de sobrevivência deixou Temer a descoberto

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