quinta-feira, 8 de setembro de 2016

LUIZ ESTEVÃO E RORIZ NO CENTRO DA CORRUPÇÃO

Luis Tajes/CB/D.A Press - 17/12/91


“O cara que pagava as coisas, era um cara da Camargo Corrêa chamado Galo. O Galo que levava a mala de dinheiro para o seu pai. Aí, seu pai me chama e diz: ‘O Galo não vai mais poder trazer o dinheiro porque está com medo da Polícia Federal fazer uma batida. Eu precisava que você começasse a receber esse dinheiro e distribuísse esse dinheiro pra mim’. Eu falei ‘tá bom’. Aí, resolvemos problema de conta fora do Brasil”, revelou Luiz Estevão.

O senador cassado também conta para Liliane uma coincidência que o ligou novamente ao escândalo do orçamento. Pouco antes de conquistar o direito de cumprir pena no regime aberto, Estevão passou uma temporada na Papuda. Ficou na mesma cela de José Carlos Alves dos Santos, delator do esquema da década de 1990, também condenado pela morte da mulher, Ana Elizabeth Lofrano. “Sabe aquele cara que matou a mulher e enterrou? Nos últimos 15 dias, eu fiquei preso junto com ele, e ele ficou lembrando das histórias da CPI do Orçamento”, explicou o ex-senador. “Ele era um dos caras implicados na CPI. Se apaixonou por outra, a mulher descobriu e ameaçou contar tudo. Ele levou para um restaurante, mandou abrir uma garrafa de champanhe, para os garçons verem o tanto que ele era carinhoso, saiu de lá, simulou um sequestro, e ajudou os caras a matarem”, relembrou Luiz Estevão.

Conchavo
A CPI investigou, entre 1993 e 1994, o esquema conhecido como Anões do Orçamento. No arranjo, políticos criavam emendas e destinavam parte dos valores a contas bancárias de empresas e entidades sociais fantasmas. O conchavo contemplava ainda acertos com empreiteiras, que pagavam propina para participar da execução de grandes obras públicas. O escândalo surgiu após a delação de José Carlos Alves dos Santos. Entre as autoridades citadas, estava Joaquim Roriz, cujo nome apareceu em um emaranhado de denúncias envolvendo contas fantasmas, testas de ferro, laranjas, obras superfaturadas, verbas suspeitas, acertos com construtoras e compra de apoio do Legislativo local.



Em depoimento, José Carlos afirmou que o ex-governador teria comparecido à casa de João Alves, idealizador do esquema, acompanhado por alguns deputados, a fim de realizar acertos no orçamento da União. Roriz teve os sigilos bancário e fiscal quebrados. A investigação resultou na descoberta de dois depósitos suspeitos nas contas do político. À época, Joaquim Roriz declarou que o repasse de U$S 1,6 milhão era fruto de atividades empresariais e os U$S 150 mil decorriam da venda de 500 cabeças de gado. Outro ponto marcante das investigações concentrou-se na descoberta do depósito de valores para sete deputados distritais entre 1989 e 1992. De acordo com Roriz, as transações consistiam em empréstimos pessoais. Os repasses de U$S 7,6 mil foram realizados pelo então capataz de uma das fazendas do ex-governador, Valdivino Pinheiro. Como justificativa, o ex-político alegou que o homem tinha dinheiro em conta para administrar os negócios rurais

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