quinta-feira, 30 de maio de 2013

BANCO CENTRAL AUMENTA A TAXA DE JUROS SELIC


BRASÍLIA – No dia em que o IBGE revelou que a economia cresceu apenas 0,6% no primeiro trimestre, abaixo das expectativas de analistas, o Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu o mercado financeiro com um aumento de 0,5 ponto percentual na taxa básica (Selic), que passou de 7,5% para 8% ao ano. A decisão de acelerar a elevação dos juros foi tomada por unanimidade pela cúpula do Banco Central para conter a inflação, que acumula uma alta de 6,49% nos últimos 12 meses. O teto da meta do governo é 6,5%.
Com o resultado, o país ocupa a quarta posição no ranking de juros reais, com um percentual de 2,1%, atrás apenas de China, Rússia e Chile.“O comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano”, afirmaram os diretores do BC em comunicado divulgado após o encontro. Diante da decisão, alguns especialistas já alertam para o risco de um quadro próximo à estagflação: baixo crescimento com inflação alta.
Para o economista do Santander Maurício Molan, além das expectativas de inflação, um outro fato pesou na decisão do Copom: a alta da cotação da moeda americana, que ontem rompeu R$ 2,11. Segundo ele, a possibilidade de o dólar caro inflar ainda mais os preços no Brasil contribuiu para os diretores pisarem no acelerador e reforçarem a alta dos juros.
— A linguagem do Copom (que no comunicado usou a expressão “essa decisão”) pode sinalizar que essa tenha sido a decisão final — afirmou Molan, levantando a hipótese de que esta seja a última alta de juros neste ano, embora espere uma sinalização melhor na ata da reunião, que será divulgada na semana que vem.
BC quer inflação em declínio no 2º semestre
A cúpula do BC já havia dado sinais de que apertaria ainda mais a política de juros ao subir o tom do discurso de combate à inflação. Deu a entender que as próximas altas seriam maiores. O início do ciclo de alta da taxa básica começou na reunião anterior do comitê com uma elevação de 0,25 ponto percentual. Na semana passada, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que faria tudo para controlar a inflação. E garantiu que, no segundo semestre, a inflação acumulada em 12 meses deverá enfim entrar numa trajetória de queda.
— O Banco Central está vigilante e fará o que for necessário, com a devida tempestividade, para colocar a inflação em declínio no segundo semestre e para assegurar que essa tendência persista no próximo ano— afirmou Tombini numa audiência no Congresso Nacional.
O economista da MB Associados Sérgio Vale esperava que o BC privilegiasse a expansão da atividade econômica, em vez de focar no combate à inflação. E mesmo com a decisão, que ele avalia como “surpreendente”, o economista diz que o BC não estará livre de pressões políticas:
— Certamente o BC será chamado pela presidente e terá que rever sua posição na próxima decisão — disse.
Indústria critica elevação da taxa
Está claro para o economista que a preocupação maior do Palácio do Planalto é com o ritmo da atividade, que está aquém do esperado. O mercado financeiro previa uma expansão da economia de até 1% no primeiro trimestre, ainda mais depois de o próprio BC divulgar o seu “PIB”. O IBC-Br, índice calculado pela autoridade monetária, indicava crescimento de 1% de janeiro a março.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) criticou a elevação dos juros básicos, por meio de nota. “A nova elevação da Selic, de 0,5 ponto percentual, apesar da intenção correta de segurar a pressão nos preços, traz ganhos modestos na contenção inflacionária e impõe mais dificuldades para o setor industrial retomar o crescimento” avaliou.
Para a Fiesp, a medida reduzirá ainda mais a capacidade de crescimento do Brasil. “Nossa previsão para este ano era de um crescimento de apenas 2,5%. Após o anúncio do PIB pífio de 0,6% no primeiro trimestre, acreditamos que a expansão da economia brasileira em 2013 será mais próxima de 2%. O Brasil precisa de um choque de competitividade, investimento e produção, e não da mesmice do aumento de juros”, afirmou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, em nota


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