quinta-feira, 9 de março de 2017

DOLEIROS COMPLICAM A VIDA DE SÉRGIO CABRAL

Dois novos delatores da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro foram fundamentais para trazer mais elementos à investigação sobre o esquema de corrupção do governo Sérgio Cabral, que resultaram na sexta ação penal contra o ex-governador, por corrupção e lavagem de dinheiro. O operador financeiro Enrico Machado e seu funcionário Leonardo Aranha, de acordo com a nova denúncia, apresentada à Justiça na terça-feira (7) e aceita nesta quarta-feira (8), lançaram, no enredo de corrupção em investigação no Rio, os doleiros Vinicius Claret, o Juca, e Claudio de Souza, o Tony/Peter. A participação deles também foi detalhada. 
O ex-governador Sérgio Cabral  durante transferência de presídio (Foto: Geraldo Bubniak/Agência O Globo)
Machado e Aranha procuraram espontaneamente o Ministério Público Federal (MPF) para contar o que sabiam, no período entre as operações Calicute, deflagrada em novembro do ano passado e que levou Cabral e seus parceiros à prisão, e a Eficiência, que prendeu Eike Batista em janeiro. A delação da nova dupla de colaboradores foi homologada logo após a Eficiência.
De acordo com o procurador da República Sérgio Pinel, Machado tem uma instituição financeira na Holanda, que abriga um fundo de investimentos, identificado como Free Fly, em que foram depositados US$ 10,5 milhões do esquema de Cabral. Esse dinheiro veio por intermédio dos doleiros Claret e Souza, dupla que, em 2007, foi “subcontratada” por outra dupla de doleiros, já conhecida do esquema, os irmãos Marcelo e Renato Chebar, para auxiliar na distribuição e ocultação da propina de Sérgio Cabral. 
Também delatores do esquema e colaboradores nas investigações desde o fim do ano passado, os irmãos Chebar já haviam contado que prestavam esse tipo de serviço a Cabral desde 2002. Até 2006, foram movimentados pelos Chebars, a pedido de Cabral, US$ 6 milhões, que eles distribuíram por contas suas no exterior. A divisão do trabalho entre vários doleiros é comum e uma forma de dificultar o rastreamento de recursos.
Ocorre que, em 2007, quando Cabral assumiu o governo do Rio de Janeiro, o volume de recursos a serem ocultados cresceu de forma vertiginosa. Afinal, Cabral, de acordo com as investigações, cobrava propina de 5% de empreiteiras por obras realizadas no estado. Dessa forma, os irmãos Chebar tiveram de terceirizar o serviço. Procuraram, então, Claret e Souza, mas relataram, na época, que pouco sabiam da dupla de prestadores de serviço, além dos codinomes com que eram identificados no mercado. Os depoimentos de Machado e Aranha ajudaram a desvendar de quem se tratava

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