domingo, 12 de março de 2017

O BRASIL SEM PARTIDOS POLÍTICOS

Antônio Cruz/Agência Brasil
Protestos pró-impeachment
Fomento ao ódio à política
Até 2026, Moraes terá voz em alguns dos temas atuais e vindouros mais relevantes para a sociedade brasileira. O anacronismo expresso por meio de seus atos como ministro e secretário reforçam o fundado temor da sociedade pelo futuro.
O personagem se tornou mais conhecido da população em geral em virtude de sua passagem pelo Ministério da Justiça e, posteriormente, pelas acusações que recaíram sobre sua conduta após a indicação à Suprema Corte.
A forte reação da opinião pública à sua nomeação é apenas um dos muitos elementos que reforçam a rejeição à classe política. Nesse sentido, movimentos políticos autointitulados “apartidários” capitalizam politicamente e engrossam o coro dessa rejeição.
Alguns nomes foram lançados candidatos nas eleições de 2016 por partidos de direita, ainda que autodenominados “apartidários”. É curioso que o discurso político encampado por esses movimentos, ainda que não corresponda a suas práticas, tenha encontrado eco em determinados setores da sociedade, mais uma vez ludibriados pelo discurso simplório e sedutor.
Ainda que de teor claramente inconstitucional, propostas como o “escola sem partido” ganharam o apoio de incautos e figuras mal intencionadas. O projeto remete a atos de perseguição política a docentes promovidos pela ditadura, e que contribuiu para o sucateamento do ensino público como legado que perdura até os dias atuais.
Mundo afora, ditaduras de todos os matizes ideológicos extinguiram partidos políticos que, apesar de todos os problemas, eram o alicerce do Estado democrático de Direito. No Brasil, a ditadura consentiu com a existência do MDB para tentar assegurar algum verniz de legitimidade ao regime.
Portanto, na intenção de demonstrar que o autoritarismo não era tão significativo, os militares consentiram com a existência de... um partido político. O simbolismo estimula a compreensão dos perigos do autoritarismo e do Brasil “sem partido” defendido por fascistas e desinformados.
Não existe, em democracia nenhuma, candidato perfeito. Os partidos políticos são relevantes também para compreendermos quais forças estão ao lado do candidato de nossa preferência e contra quais ele disputa. Bandeiras partidárias, compromissos de campanha e os apoios de grupos organizados fazem parte de campanhas políticas e das democracias mundo afora. O receio e a descrença são componentes que nos empurram para o “Brasil sem partido” sonhado e defendido pelo MBL.

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