sexta-feira, 10 de março de 2017

QUE É CONTRA AS REFORMAS É CONTRA O PAÍS

Beto Barata/PR
Às vésperas do bombardeio da Lava-Jato sobre o sistema político nacional, algo que promete tirar o sono de muitos integrantes da base de seu governo, o presidente Michel Temer demonstra otimismo sobre as realizações dos nove meses de gestão e avisa que, em relação à sua equipe, a situação está “regrada”, ou seja: denunciados estarão sujeitos ao afastamento temporário e, quem, por ventura, virar réu terá que sair definitivamente, conforme já havia estabelecido. Ele acredita que não precisará demitir ninguém, porque crê que quem estiver citado pedirá para sair. Porém, não esconde uma torcida pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha: “Ele faz muita falta ao governo, espero que volte logo”.

Enquanto a Lava-Jato e as ações no Tribunal Superior Eleitoral seguem seus cursos, o presidente traça o que chama de metas para o período de dois anos e meio e faz questão de manter um diálogo constante com parlamentares e jornalistas para explicar o que já foi feito e os projetos. “A expectativa era a de que as coisas só começassem a melhorar no segundo semestre. Mas, felizmente, já vemos bons resultados agora. Algumas áreas começam a respirar. O que significa que, ainda neste semestre, vamos começar a retomar o crescimento.”

Ontem, ele recebeu o Correio durante um almoço. Numa conversa sem gravadores nem celulares, apenas caneta e bloquinhos, como nos velhos tempos, Temer começou falando de seu discurso sobre o Dia Internacional da Mulher. Considerou o barulho nas redes sociais contra o pronunciamento de improviso como “coisa da oposição e uso de frases fora do contexto”. E, assim, Temer ontem, na conversa, resolveu reler todo o discurso, sem entender o motivo da polêmica. 

Sobre o governo, procurou mostrar que seu plano de voo tem começo, meio e fim. A última etapa, pós-reformas, será o diálogo para tentar pacificar o país. “Tem que acabar com esta divisão raivosa. As coisas estão caminhando bem. E vão melhorar. Ninguém sai ganhando com nesse tipo de disputa. Precisamos pacificar o país bem antes das eleições, precisamos restabelecer o diálogo. Essa história de fulano não falar com beltrano no mundo político é falta de civilidade”, diz ele.

O próprio Temer recebeu a equipe do Correio na porta do gabinete. Ele citou o mestre indiano Sri Sri Ravi Shankar, que o visitou em dezembro, acompanhado da atriz Maria Paula. Shankar sugeriu mudanças na posição dos móveis e vaticinou que, até o final de marco, a crise vai dar um respiro. Temer ainda não mexeu no mobiliário. A cadeira presidencial é a mesma de Lula e Dilma, mas que Temer prefere manter distância. Mais próximas do presidente estão as imagem de Nossa Senhora de Fátima e de Jesus Cristo.

Ainda sobre Dilma, ele diz que não está na hora de ter uma reaproximação. A temporada é de reformas. Primeiro, a trabalhista, que começa a ser votada na Câmara na semana que vem, com o projeto de terceirização e do trabalho temporário. Depois, a Previdência. Para o segundo semestre, desembarcam no Congresso as propostas de simplificação tributária

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