sábado, 15 de julho de 2017

A PROCURADORA GERAL FOI ESCOLHIDA POR TODOS OS SENADORES DA CCJ

No final da manhã da quarta-feira, dia 12, o ex-procurador-geral da República Roberto Gurgel rangia os dentes, visivelmente irritado, sentado na penúltima fileira da sala da Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Hoje aposentado, Gurgel estava ali no que achava que seria a confortável função de amigo, a acompanhar a sabatina de Raquel Dodge, indicada pelo presidente Michel Temer ao cargo de procuradora-geral da República. Gurgel já passara por teste parecido e, depois, participou do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal e viu o início da Operação Lava Jato. Sabia, portanto, bastante sobre alguns dos parlamentares que ali estavam para questionar Raquel. Já eram transcorridas mais de três horas da sessão na qual os senadores questionavam Raquel, quando a fala de um deles o deixou bravo.
Raquel Dodge (Foto: Mateus Bonomi / AGIF)
Em sua vez de perguntar, o ex-presidente do Senado Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas – 12 inquéritos no Supremo –, fez um discurso. “Certa vez eu me candidatei à presidência do Senado, depois de um episódio que tumultuou durante 200 dias a vida do país. Eis que, para minha surpresa, na véspera da eleição, uma investigação que estava havia oito anos na Procuradoria-Geral da República, de um excesso pessoal que não tinha dinheiro público, recebeu uma denúncia”, disse. “Mais do que isso, com o PGR de então falando, comunicando o fato que tramitava em sigilo. Quando o Senado no dia seguinte teria uma eleição onde eu disputava circunstancialmente com um procurador da República. Eu acho que isso significa extrapolar. Na medida em que se usa uma instituição, tem de ter muito cuidado para não ser utilizada nessas condições.” O procurador era Gurgel – que, conhecedor da biografia de Renan pelas investigações na PGR, teve de se segurar.

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