segunda-feira, 10 de julho de 2017

O CASO MARISA LETÍCIA É SÓ A PONTA DO ICEBERG

Marisa Letícia,mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silba (Foto:  Nelson Almeida/AFP)

O escândalo provocado pela divulgação de informações sigilosas sobre a saúde da ex-primeira-dama Marisa Letícia tornou pública uma prática corriqueira entre os médicos. Embora seja comum, o compartilhamento de dados de pacientes em grupos de whatsapp não pode ser tolerado. Nada como o olhar de um outsider para apontar práticas absurdas que, de tão usuais, parecem aceitáveis. Para isso, entre outras coisas, serve o jornalismo. Para desnudar os reis e questionar as regras.
Na relação entre médicos e pacientes, o poder está 100% concentrado nas mãos dos profissionais. Eles detêm o conhecimento, a técnica e os meios capazes de salvar ou de aliviar o sofrimento. É um poder desproporcional. Algo que precisa ser questionado e vigiado de perto pela sociedade.
Não fosse a relevante reportagem de Thiago Herdy, publicada no site do jornal O Globo, dois médicos não teriam sido demitidos (uma do Hospital Sírio-Libanês, outro da Unimed de São Roque) e o Brasil não teria se dado conta de mais uma importante vulnerabilidade dos doentes.

O caso Marisa Letícia é uma bizarra sucessão de desrespeitos. Começa com um jornalista vangloriando-se num vídeo postado no YouTube de ter colocado as mãos numa tomografia da ex-primeira-dama. Não satisfeito em falar, ele mostra o exame. Continua com uma plantonista do Hospital Sírio-Libanês enviando mensagens de WhatsApp a um grupo de antigos colegas de faculdade. Ela confirma que Marisa estava no pronto-socorro com diagnóstico de acidente vascular hemorrágico (AVC) de nível 4 na escala Fischer – considerado um dos mais graves – e prestes a ser levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Como era previsível, a informação foge do controle e viraliza.
>> "Quer dizer que médico pode chorar?"
O show de horrores continua com a observação insana de um neurocirurgião que trabalhava na Unimed de São Roque. Em resposta ao comentário da colega, ele expressa o desejo de que o procedimento dê errado e Marisa “abrace logo o capeta”. A barbaridade ganha impulso com o ódio destilado, nas redes antissociais, por cidadãos de todas as profissões e desocupados de todo tipov

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