domingo, 29 de julho de 2018

CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA PROCURAM O VICE IDEAL.

Dilma Rousseff e seu então vice-presidente Michel Temer em outubro de 2015.
Os candidatos às eleições presidenciais de outubro têm tido dificuldade em encontra um companheiro de chapa que lhes garantam votos, recursos e tempo de TV, afastando o fantasma do impeachment, sofrido em 2016 pela presidente Dilma Rousseff, substituída por seu vice, Michel Temer.
A escolha de um vice-presidente "é produto de uma estratégia de equilíbrio da chapa e de busca de votos (...) É uma equação complexa", disse à AFP Ricardo Caldas, cientista político da Universidade de Brasília.
Entre os presidenciáveis que lideram as pesquisas de intenção de voto, Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT) oficializaram suas candidaturas sem ter um vice do lado. Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB) vão pelo mesmo caminho.
Caldas afirma que as "indefinições" se devem em parte à situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas, mas que cumpre pena de mais de 12 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O PT mantém sua candidatura, embora deva ser invalidada pela Justiça eleitoral.
A postura do PT gera indefinições muito grandes em todo o cenário eleitoral, afirma Caldas.
Além disso, "os candidatos estão tendo dificuldades para encontrar aquele nome que não só agregue tempo de TV e fundos" que a lei eleitoral distribui entre os partidos, "mas também que traga votos", indica o analista Everaldo Moraes.
Os partidos apressam as negociações - até com forças ideologicamente opostas - como objetivo de definir as chapas até 5 de agosto para, então, estar com tudo pronto até 15 de agosto, quando vence o prazo para o registro de candidaturas na Justiça eleitoral nas eleições que se desenham como as mais incertas e polarizadas desde o retorno da democracia, em 1985.
"O que os candidatos estão buscando, nesse sistema de presidencialismo de cooptação, é tempo de televisão e a chamada governabilidade, que tantos escândalos já justificou", escreveu o colunista Merval Pereira, do jornal O Globo, em alusão a pactos vinculados a propinas.
- Ofertas recusadas -
Em eleições passadas, afirma Moraes, as chapas foram definidas em torno de "tucanos e petistas", que dominam as disputas eleitorais desde 1994.
"Hoje temos quatro candidatos com números [nas pesquisas] que podem levá-los ao segundo turno", acrescenta.
Bolsonaro, que lidera as intenções de voto em um primeiro turno sem Lula, já recebeu negativas do senador evangélico. Magno Malta (PR) e do general da reserva Augusto Heleno e espera resposta da advogada Janaína Paschoal, que formulou as acusações de manipulação das contas públicas que levaram ao impeachment de Dilma Rousseff pelo Congresso.
Alckmin também teve recusado o convite para integrar sua chapa pelo empresário Josué Gomes, filho de José Alencar, que como vice-presidente de Lula, fez a ponte entre o PT e os industriais.
Marina Silva, por sua vez, segue sem fechar alianças e Ciro Gomes ora faz acenos, ora críticas ao PT, depois que o 'Centrão' (coalizão de partidos conservadores com peso no Congresso) se inclinou por Alckmin.

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