Jair Bolsonaro tinha decidido: demitiria o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. Foi apoiado por um núcleo próximo, radical, que o aplaude em qualquer decisão, por mais extremada que seja. Recuou, contudo, após um chamado do general Augusto Heleno, titular do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República).
O militar veterano abriu os olhos do chefe: dispensar o ex-juiz, que virou símbolo da Operação Lava Jato, vista como “a maior investigação de corrupção no País”, representaria a vitória da retórica oposicionista, em especial do PT.
Os relatos e avaliações sobre o descaminho do relacionamento entre Bolsonaro e Moro foram feitos ao HuffPost por palacianos e também fontes do Ministério da Justiça e do Congresso Nacional.
De superministro da gestão, com amplos poderes e carta branca para mandar e desmandar, Moro atualmente troca tweets amistosos com o presidente, tem encontros para tratar das pautas do ministério, e encontra enormes dificuldades no trânsito com o Congresso, que o vê “com pouco traquejo político”.
A reviravolta na relação de Moro e Bolsonaro se deve em grande parte ao temperamento “explosivo” e “imprevisível” do presidente. Mas também ao que assessores relatam como uma tendência do mandatário de ver “conspiração” por todos os lados.
Há quem aposte que a Operação Desintegração, desencadeada na quinta-feira (19) contra o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e seu filho, Fernando Bezerra Coelho Filho (DEM-PE), por suspeita de eles desviarem dinheiro em obras públicas, azede novamente a relação que tendia a se pacificar — ou não. Os dois tiveram os gabinetes no Congresso e endereços pessoais vasculhados pela Polícia Federal.
Moro foi questionado por Bolsonaro, horas após a varredura da PF, se a corporação “está fora de controle”, relatou ao HuffPost um assessor do Palácio do Planalto.
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