terça-feira, 10 de setembro de 2019

INQUÉRITO DE DOLEIRO FOI ARQUIVADO ANTES DA CONCLUSÃO.

*ARQUIVO* CURITIBA, PR, 17.11.2016 - O doleiro Alberto Youssef, preso pela Operação Lava Jato, deixa sede da Justiça Federal em Curitiba após colocar a tornozeleira eletrônica para cumprir prisão domiciliar. (Foto: Paulo Lisboa/Folhapress)
 Antes da conclusão das investigações, a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba pediu de forma "abrupta e antecipada" o arquivamento de um inquérito da Polícia Federal sobre a instalação de um grampo na cela do doleiro Alberto Youssef, segundo o delegado responsável pelo caso.
À época, a investigação da PF tentava descobrir o que motivou a instalação da escuta e se houve tentativa de abafar internamente o caso.
"Os procuradores atipicamente requerem o arquivamento do inquérito policial, antes mesmo da realização de diligências básicas e da confecção do relatório final", disse o delegado Márcio Magno Carvalho Xavier, em manifestação à Justiça Federal.
O documento foi assinado em junho de 2017. Magno Xavier, à época corregedor de assuntos internos da Polícia Federal, em Brasília, tentava estender o prazo do inquérito.
Apesar do posicionamento da PF, o pedido do Ministério Público Federal para engavetar o caso foi aceito pelo juiz federal do Paraná Nivaldo Brunoni.
Brunoni, que chegou a atuar em processos da Lava Jato ao substituir juízes em férias do TRF-4 (Tribunal Regional Federal), é o mesmo que determinou no último mês que o Conselho Nacional do Ministério Público retirasse de pauta julgamento da suspeição de Deltan Dallagnol, o chefe da força-tarefa em Curitiba.
Os autos continuam em sigilo, embora estejam arquivados, mas o documento em que o delegado Xavier se queixa do procedimento dos procuradores foi obtido pela Folha. O inquérito policial investigava a instalação de uma escuta na cela de Youssef, sem autorização judicial, em março de 2014.
Mais tarde, laudo técnico apontou que foram gravadas 260 horas na cela e captadas falas de outros detidos da Lava Jato, como o ex-gerente da Petrobras Paulo Roberto Costa e a doleira Nelma Kodama.
Inicialmente o inquérito foi aberto para investigar suspeita de falsidade ideológica em um documento que o agente Dalmey Werlang, responsável pela instalação do grampo, teria produzido sobre o caso.

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