segunda-feira, 24 de abril de 2017

O GERENTE DA CORRUPÇÃO NA ODEBRECHT

Hilberto Mascarenhas,delator (Foto: Jorge William / Agência O Globo)
Marcelo Odebrecht convocou Hilberto Mascarenhas em sua sala, no edifício Villa Lobos, em São Paulo, para uma conversa sobre o crescimento da empreiteira nos próximos anos. Era 2006 e os negócios eram auspiciosos. Marcelo, então presidente da Construtora Norberto Odebrecht, sabia que, um dia, seria chamado a assumir a holding, a empresa-mãe do grupo baiano. E queria iniciar seu legado montando um departamento inovador, capaz de lidar com enormes montantes de recursos e fornecedores VIPs. Mascarenhas era o homem para chefiar o novo setor. Já estava na empresa havia 30 anos, era de confiança, tinha capacidade de gerência, era discreto. Era também um tanto bonachão – e ia precisar desse atributo na nova lida. Ele tinha até um nome e uma figura apropriados: Mascarenhas, gorducho e careca, poderia bem ser sobrenome de personagem de Nelson Rodrigues, um daqueles burocratas eficientes, detentor de sórdidos segredos. Ele era o homem para criar e comandar o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o SOE. Quando Marcelo disse a Mascarenhas o que esperava do subordinado, ouviu, surpreso, um “não” como resposta. Impositivo, explicou que não se tratava de um convite recusável. “Então, não é um convite, é uma intimação”, retrucou Mascarenhas. “Qual é a diferença?”, perguntou Marcelo. “Intimação é muito mais caro.” O chefe assegurou que Mascarenhas não precisava se preocupar, que seria bem recompensado. Ele, então, aceitou o cargo.

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